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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O meio ambiente da comunicação

Evento organizado por alunos de Jornalismo e Publicidade debate conceitos de mídia e ecologia

Foi realizada, entre 20 e 24 de outubro, mais uma “Semana Radial de Comunicação – SERCOM”, com programações distintas no auditório da unidade Jabaquara e também na unidade Marajoara.

Tendo como tema central a questão da Sustentabilidade, os palestrantes da unidade Jabaquara puderam expor seus trabalhos e idéias, enriquecendo o conteúdo multidisciplinar dos estudantes.

Entre todas as palestras, destacamos a do economista Hugo Penteado, pela singularidade e profundidade.

Singularidade, porque até pouco tempo atrás, os discursos ecológicos eram vistos como “conversa de bicho grilo”, um drama exagerado que só ocorria na cabeça dos remanescentes hippies.

Ter um economista renomado, estrategista de investimentos do Abn Amro Bank, discutindo com conhecimento o assunto, validando informações antes desacreditadas, é um fato que só aponta para a seriedade da situação.

Outra palestra que variou sobre o tema verde, foi a de Mino de Oliveira, filósofo e ambientalista.

Mino cunhou o termo Homo Bossalis para designar o homem pseudo-moderno e sua cultura predatória, incapaz de satisfazê-lo e torná-lo feliz.

O filósofo afirma que “não é o meio ambiente que precisa de ajuda, e sim nós, que precisamos reciclar nossos hábitos, atitudes e valores, para poder conquistar uma real qualidade de vida”.

Para ele, é impossível separar os conceitos de economia e ecologia, razão pela qual prevê um aprofundamento da crise econômica nos próximos anos.

“Um dia o homem acreditou que a Terra era plana. Agora acredita que o crescimento (econômico) é eterno”.

Eterna também parece ser a sede pelo espetáculo da notícia, que grande parte da mídia imprime na cobertura de fatalidades do cotidiano.

O jornalista Mauro Tagliaferri abordou este tema citando os dois casos recentes de maior repercussão em toda a imprensa, os de Isabela Nardoni e Eloá Pimentel, para mostrar a tendência apelativa do enfoque jornalístico (?) que visa apenas os números de audiência.

Segundo Mauro, a cobertura, nestes dois casos, priorizou “não o embasamento, mas sim, o julgamento da situação”.

Aproveitando o tema central que permeou o evento como um todo, podemos especular se não seria o momento de, como pretendentes a jornalistas, providenciar também uma reciclagem de nossos pensamentos, ações, crenças e modos de ver a vida, para não nos tornarmos profissionais também insatisfeitos, infelizes e predadores, tencionados a reproduzir fofocas e novelas sinistras da vida real.

Nossa postura diante do planeta e do meio ambiente é a mesma diante da nossa profissão?

Ou seja, para crescer é preciso destruir?

Trabalho sobre o filme “Encontro com Milton Santos”

O termo globalização pode ser definido de muitas maneiras, de muitos ângulos.

Mas após uma observação mais atenta da realidade provocada pelas palavras e pensamentos do geógrafo Milton Santos, a impressão é que a humanidade globalizou apenas alguns aspectos contidos na gama completa de suas múltiplas culturas: a paixão e busca obsessiva pelo poder e a elevação do dinheiro a um status de “deus”, a quem muitos dedicam sua vida e para consegui-lo e/ou multiplicá-lo ad infinitum.

Para maquiar estas verdadeiras molas propulsoras do que chamamos de sociedade moderna, utilizamos álibis como o “progresso da civilização” e avanço tecnológico, que nos permite...o que é que nos permite mesmo, além de comprar e consumir e consumir e comprar?

Propagandeamos o desenvolvimento da capacidade humana, como a medicina por exemplo, que nos permite viver um tempo médio muito maior do que antigamente.

Nos meios de comunicação temos todos os dias números, dados, estatísticas que comprovam que a vida está cada vez mais bela: mais crescimento, mais distribuição, mais empregos, mais longevidade, enfim, tudo positivo, como que a nos fazer crer que estamos no caminho certo.

Como entender então, por outro lado, o aumento da pobreza, da violência, da desigualdade, da fome e outros calcanhares de Aquiles humanos?
Parece haver algo de errado, seja no poder dos Estados, das empresas, dos homens.

O filme de Milton Santos é uma semente destinada a brotar em consciência, para que possamos refletir sobre o mundo que criamos.

Uma semente que parece querer germinar em outras formas de globalização: as formas da solidariedade, e de sentimento de igualdade, apesar de todas as diferenças.

Do Lado de cá, a globalização pode começar dentro de cada um.

Praça revitalizada divide comunidade

A subprefeitura do Jabaquara terminou em 13 de setembro último, a
revitalização de mais uma praça na cidade.

Localizada na rua Antônio Madi, altura do número 100, entre a antiga
garagem de ônibus da CMTC e um hipermercado renomado, o local
havia se tornado verdadeiro terreno baldio, com mato alto, lixo
abundante e, mesmo assim, era usada pelos moradores de uma favela
tanto para brincadeiras das crianças quanto para uso de drogas pelos
adultos.

Num período de três semanas, uma equipe da subprefeitura limpou a
área, cimentou um espaço para servir de passagem, asfaltou um pequeno
trecho da entrada dessa comunidade, instalou dois bancos de assento,
gramou a terra antes estéril, transformando bastante o lugar.

As crianças foram as que mais gostaram da reforma, mas entre os
adultos, as opiniões ficaram divididas.

Maria da Conceição, 37 anos, afirma que “é sempre assim, em ano de
eleição, os políticos sempre inventam um meio de chamar a atenção”,
mas ela preferia que outros problemas tivessem prioridade, como a
melhoria da creche, onde sua filha, Cecília, de 5 anos, estuda.

Gilberto de Andrade, 42, achou que “ficou bonita a praça, é melhor
para as crianças assim, mas o que preciso mesmo é de trabalho”.

Gilberto está há oito meses desempregado.

Desculpa Esfarrapada

Amigos, devido a pelo menos 2 meses de atividades intensad da faculdade, dei uma parada nos posts.
A seguir, colocarei alguns textos que foram pequenos trabalhos para a UNiRadial.

E tanbém alguns textos que produzi e foram colocados no nosso projeto integrado do semestre, onde elaboramos um jornal voltado para alunos de educação física, o "Corpore".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Centenário da Morte de Machado de Assis

Cem anos atrás, no dia 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, aos 69 anos de idade, morria uma parte daquele que é considerado por muitos críticos e intelectuais, o maior escritor brasileiro da história.

Uma parte porque, de efêmero, a única coisa que podemos encontrar em Machado de Assis, é o seu mote humano, seu corpo.

Já o legado de suas obras, esse jamais fenecerá, bem pelo contrário, à medida que a marcha do tempo avança indelével sobre as gerações, ainda mais vivo, estudado e admirado se torna.

Os traços característicos da literatura de Machado, como a observação psicológica dos personagens, as contradições entre seus sentimentos e pensamentos, a complexidade da interação desses aspectos no comportamento do homem moderno de sua época, conquistam em nosso país e em várias partes do mundo cada vez mais reconhecimento.

Segundo João Elias Nery, professor e coordenador do curso de jornalismo da UniRadial, “A crítica e os apreciadores da alta literatura não se cansam de encontrar em Machado novas formas de diversão e de interpretação da realidade e da alma humana”.

As homenagens para lembrar o centenário da morte de Machado de Assis ganharam um caráter oficial do Senado federal, que instituiu o ano de 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis.

Museu da Língua Portuguesa

Em São Paulo, a principal homenagem ficará à disposição do público até 01 de março de 2009: a exposição “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério”, que está sendo realizada no Museu da Língua Portuguesa, e que até o início de novembro já recebeu mais de 180.000 visitantes.

Num formato multimídia, lá encontramos pérolas como alguns manuscritos de capítulos de seus livros, trechos narrados em áudio e vídeo, um mapa da cidade do Rio de Janeiro destacando os lugares freqüentados por Machado, uma carta de Joaquim Nabuco a José Veríssimo informando este último da morte do escritor; a nota de mil cruzados que circulou na segunda metade dos anos 80 com sua efígie e um painel gigante do seu cortejo fúnebre, que saiu da ABL carregado por figuras ilustres como Olavo Bilac, Rui Barbosa e Euclides da Cunha., entre outras relíquias.

Segundo o superintendente do Museu, Antonio Carlos Sartini, “O objetivo foi realizar uma Mostra leve, focada mais no lado crítico, irônico e bem humorado que o autor usa para refletir sobre o ser humano. Além da reflexão de intelectuais e das pesquisas acadêmicas, nós quisemos mostrar que sua obra também é extremamente acessível, divertida e está ao alcance de todos”.


ABL

Na Academia Brasileira de Letras, também chamada Casa de Machado de Assis, estão acontecendo desde o início do ano inúmeros eventos e celebrações que visam lembrar e fortalecer a importância da arte literária machadiana que nos foi deixada como valiosa herança.

Exposições sobre sua vida e obra, palestras, leituras, lançamentos, mostra de filmes adaptados de seus livros, enfim, diversas atividades organizadas para celebrar o talento do autor.

Talento esse, que com o passar do tempo, é cada vez mais reconhecido no exterior.

Machado Universal

No dia 12 de setembro do presente ano, o The New York Times, veiculou matéria de duas páginas sobre o escritor, noticiando uma homenagem que seria realizada na própria cidade de Nova York, batizada de: “Machado 21: A celebração de um centenário”, que ocorreu entre os dias 15 e 19 de setembro, que incluiria apresentação de poemas, discussões e seminários.

Homenagens e comemorações também aconteceram em Lisboa, Madri, Turim, Frankfurt e Barcelona, entre outras cidades do mundo.

Se Machado de Assis fosse escrever as suas memórias póstumas, talvez se surpreendesse com o fato de estar mais vivo e mais imortal do que nunca, cem anos depois de sua morte.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Crônicas de Pedro Bial

Pedro Bial rodou o mundo como correspondente internacional da TV Globo, de 1988 a 1996, quando lançou um livro com algumas de crônicas feitas neste período e publicadas no Jornal da Tarde.

Seu conteúdo mescla costumes e peculiaridades de cada região visitada, de cada situação relatada, com recordações da infância, impressões sobre a vida, singelos retratos de sua família – uma carta às filhas quando da volta ao Brasil extremamente sensível, além de histórias de seus pais refugiados da Alemanha durante a segunda guerra -, detalhes preciosos que ficaram nos bastidores de suas reportagens partilhados com uma sensibilidade generosa, como que denunciando um menino surpreendido pelas nuances da vida, por trás das crônicas poéticas de inteligência madura.

Pérola (sobre possíveis erros ao apresentar programas ao vivo): “...da intromissão da autenticidade num cenário de plástico”.

Em suas andanças, cobriu a primeira Guerra do Golfo, deflagrada pelo primeiro Bush em retaliação a invasão do Kwait por Saddan Hussein e, pouco antes, a histórica derrocada do Muro de Berlim.

O livro tem o jeito de uma palestra-aula, com simpatia e riqueza, daquelas que deixam os alunos com cara de “ah, essa aula valeu a pena!”.

Essa, acrescentou.

Aulas assim informam e formam.

Aulas de jornalismo, de história, de vida, ocultadas como se fossem contações de histórias corriqueiras.

Não é assim que os antigos ensinavam?

È uma aula num clima de conversas ao redor da fogueira, degustando um bom vinho.

Ensina-nos que viajar é um grande modo de diminuir preconceitos e aumentar a compreensão das diferenças.


Pérola (sobre o conflito entre árabes e judeus): “...fanático não é aquele que acredita no que vê. Pelo contrário. Ele só vê o que acredita”.

E sobre a vida de repórter: “...têm noites de médicos e dias de coveiros...”.

Entre o bom e o ruim, de sua última crônica, dou minha contribuição:

Bom, é ler um livro assim.

Ruim, é que tem fim.


“Crônicas de repórter, Pedro Bial, Editora Objetiva, 1996.”

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Da manipulação das Notícias – Versões e Inversões

“O problema não é o que acontece. Mas o que nós fazemos com o que acontece.”

Esta frase, encontrada em muitos doa chamados manuais de auto-ajuda, com o objetivo de oferecer ao leitor em questão a possibilidade de sair do vitimismo e reagir de modo construtivo a algum infortúnio, caberia perfeitamente em um manual do jornalista, uma vez que boa parte destes profissionais se deparam, em algum momento, com variadas possibilidades de enfoque das notícias, em seus igualmente variados meios de comunicação.

Comumente, se fizermos um exercício de ler um mesmo fato retratado em jornais diferentes, por exemplo, será bem fácil nos surpreendermos com os ângulos profundamente contraditórios em que são relatados.

Ao sintonizarmos um determinado canal, podemos receber um perfil positivo de uma situação específica, perfil este que sofrerá completa alteração, em seu oposto, se resolvermos sintonizar um outro canal, que tenha uma linha editorial voltada para outra direção.

Como isso é possível?
Como um mesmo fato, ocorrido de uma única maneira, pode gerar interpretações tão díspares?

Se procurarmos um lado positivo desse problema, talvez consigamos encontrar o argumento de que seja salutar tal multiplicidade de visões de um mesmo tema, e que esse seria, enfim, um dos papéis fundamentais da imprensa: tornar público pensamentos e versões heterogêneas dos acontecimentos, deixando ao receptor-leitor-espectador-ouvinte a tarefa de analisar e escolher a versão que lhe é mais apropriada.

Infelizmente, porém, há outros fatores para levarmos em consideração, e eles expulsarão nossa inocência desse idílico paraíso.

Em primeiro lugar, o nível educacional de nosso país é, no mínimo, precário, o que por si só invalida a muitas pessoas de exercer esse poder de decidir a linha ideológica a ser escolhida.

Mesmo os mais privilegiados, por estudarem de forma autômata e com atenção fragmentada, muitas vezes apenas absorvem conhecimentos “comprados nas prateleiras”, sem a devida passada de vista, pelo menos, na data de validade.

Em segundo lugar, temos as sombras (não exclusiva dos jornalistas, é claro) da personalidade do ser humano, que o leva a ser conduzido pela vaidade, arrogância e ambição, todas exacerbadas e que se tornam elementos que contribuem para que seu ponto de vista se atenha a características peculiares, e às vezes disformes, de uma notícia.

Em terceiro lugar – e nessa classificação não pela força que tem, mas pela dificuldade em ser percebida -, as manipulações dos fatos são motivadas por interesses comerciais e financeiros dos grupos detentores dos veículos de comunicação.

Estes, não entregam o “produto-notícia” de uma maneira xis por bondade, acaso ou missão de informar.

O produzem, embalam e entregam sim, pelo lucro. E para fermentá-lo é necessário criar, manter e expandir uma cultura de consumo cada vez mais instantânea e automática, estilhaçando nossa capacidade de refletir sobre seus produtos, tornando-nos alvos sempre mais aptos a, simplesmente, aceitar as suas versões da realidade.

O problema, realmente, não é o que acontece.

Mas, afinal, quem sabe o que acontece?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ainda sobre o livro "O Povo Brasileiro", de Darcy Ribeiro, que traz à tona a desumanidade quase impossível de ser adjetivada e infelizmente, tão possível de ser reprisada, ao longo de várias fases destes séculos ditos civilizados.

Me causou horror ler em uma passagem do referido livro uma carta em que o Papa da época, autorizava a invasão dos navegantes, e mais, doava-lhes toda a terra a ser encontrada e mesmo os habitantes que nelas vivessem...

Não é óbvio ululante questionarmos como alguém, instituído de uma autoridade religiosa, pode dar algo que não lhe pertence a quem quer que seja?Pior, dar seres humanos, não reconhecidos assim, por não partilharem de suas crenças espirituais.

Torná-los escravos por decreto, por viverem de modo diferente.

Por ocasião dos festejos do descobrimento (essa herança cultural ainda nos faz festejar a verdadeira tragédia humana que ocorreu...), minha imaginação sonhou acordarmos com uma invasão alienígena que nos escravizassem, por não partilharmos de suas crenças inter-planetárias.

Dotados de uma força bélica intransponível, mandariam seus sacerdotes catequizar-nos, para que nossas almas pudessem ser salvas, e pudéssemos então seguir uma vida de virtudes honrando ao grande Salvador, senhor XZWYZ!

Violentariam nossas mulheres e filhas ao mesmo tempo que nos ensinassem a agradecer ao senhor XZWYZ pela Graça de estarmos saindo de uma vida inválida.

Paro por aqui, por não querer causar a tristeza que senti ao me conscientizar da verdadeira história deste que um dia, ainda vai ser um país.

Se todos os Deuses quiserem!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Uma outra versão das Mulheres e as Frutas

Só para lembrar: é a Mulher que dá a Luz.

Do mesmo modo que os frutos têm como função a proteção da semente.

E só quando ela está pronta para germinar é que o fruto amadurece e se abre, liberando as sementes na terra.

É a mulher que dá a Luz, liberando, igualmente, suas sementes à Vida.

Mulheres e frutas, agora sim, eu começo a entender a ligação...

Mulheres podem ser frutas, porque alimentam.
Que homem produziria o leite para se auto-alimentar?
Haveria vida sem o leite?

Leite.

Vacas sagradas.

Já ouvi falar em algum lugar.
Um lugar distante.

Onde estou, as Vacas são tratadas apenas como escravas. Só contam com nosso cuidado, para nos dar do seu leite e da sua carne.

Meu Deus (espanto)!

Agiremos, nós homens, da mesma maneira com as Mulheres?

Frutas.
Leite.
Falando em Mulheres que à Vida animam
As palavras, se vitaminam

É a Mulher que dá a Luz

A Luz do Sol na Mãe Terra,
A água da chuva e das lágrimas tempera,
O Vento, hálito cântico, não espera,
E leva para outras partes
Eleva sementes em árvores

Estas, profundamente enraizadas no solo
São colo, de galhos ramificados
E estendidos, todos, à procura de Luz

E, neste Caminho,
Abrigam ninhos,
E brotam espontaneamente suas Flores, Frutos e elas, as Frutas...
Que posteriormente passam a ser cultivadas por nossas mãos
E maturadas pelas mãos das Estações.

Colhidas, pelas mãos
Acolhidas em corações.

Ah, começo a entender porque és chamada de Mãe, ó Natureza

É a Mulher que dá a Luz,
É a Mulher, sagrada Gruta,
Da semente, que se produz,
É a Mulher e é a Fruta

Sim, Mulheres têm tudo a ver com as Frutas, pois:

Apresentam-se em múltiplas formas, tamanhos, cores, texturas, sabores;

São firmes e delicadas
Tônicas e calmantes
Fibrosas e macias
Doces por dentro, mesmo as mais duras em suas cascas...
Símbolos de esperança e fecundidade
Curativas
Cicatrizantes
Depurativas
Refrescantes
Nutritivas

Polpas que são Bálsamo
Polpas que são Bálsamo

Sim, as Mulheres realmente têm tudo a ver com Frutas.

Nós, homens, só precisamos ir além da fome...
De todas as fomes...
Para provar
De sua Luz

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O Povo Brasileiro – Darcy Ribeiro

Este livro é uma verdadeira aula prática de história do Brasil, uma vez que nos envolve de tal maneira, que praticamente nos coloca dentro das situações descritas, vivendo as experiências narradas com um talento digno de louvor.

Ao mostrar as circunstâncias em que se deu o gênesis da formação do brasileiro, como um povo, uma realidade brutal emerge de suas páginas.

Embora tivesse uma pequena noção das barbaridades cometidas pelos portugueses no chamado “descobrimento” do Brasil, senti minha consciência sendo tomada de assalto, como se a clareza com que o autor partilha seu profundo conhecimento a despertasse visceralmente, mesmo ainda intoxicada e nublada pelo aprendizado (?) dos tempos de colégio, onde nos foram instalados softwares de um ponto de vista exclusivamente europeu da questão.

A falácia da evangelização de almas ímpias, perdidas, que serviu de base e fachada para os verdadeiros motivos do tal descobrimento (Invasão?), ou seja, a ganância, o dinheiro e o poder, mesmo que obtidos através de uma violência crua, cruel, perfeitamente traduzível na palavra escolhidas para denominá-los: selvagem.

Darcy Ribeiro escreve em dado momento, que esta nossa colonização, conseguiu a proeza, a façanha extraordinária de formar um povo novo “deseuropeizando os brancos europeus, destribalizando os índios e desafricanizando os negros”.

Nossa origem foi construída em cima de uma degradação singular, que violou todas as essências envolvidas.

Considero esta leitura, uma das melhores coisas que fiz na minha vida.

É possível entender melhor o país de hoje pelo país de ontem.

Conhecendo-o melhor, sua política e sua cultura, intrinsecamente fluída em nosso sangue, nos conhecemos melhor também como pessoas.

Assim como se fosse mais uma peça do nosso quebra-cabeça individual, absolutamente ligado ao mosaico coletivo.

RIBEIRO, Darcy - O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995

Seção Correio da Boa Notícia

Com o título extremamente apropriado de “Pequena Gigante”, leio na Revista Vida Simples, edição 70, de set/2008, em reportagem assinada por Marcia Bindo, uma dessas matérias nas quais sinto que o Jornalismo realmente vale a pena.

Nela, somos agraciados, com a história de uma mulher tailandesa, cuja vida é dedicada a cuidar de elefantes maltratados em seu país, chegando à criação do Parque Natural dos Elefantes, um espaço na floresta que a permite cumprir melhor sua vocação.

Marcia Bindo relata as torturas e a exploração a que são submetidos esses animais.

O salvamento de um deles, em especial, provoca dupla emoção: de tristeza, pela forma que nós, humanos, agimos em algumas circunstâncias e, por outro lado, de admiração, pelo trabalho belíssimo de abnegação, que podemos também realizar.

Comprem, leiam, enriqueçam-se com esta fábula real, dessa verdadeira “Irmã Franciscana” junto aos nossos “Irmãos, os Elefantes”.


http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/070/personagem/conteudo_294301.shtml

Muitíssimo Prazer, Nélson Rodrigues

“O óbvio ululante” é um livro que reúne crônicas escritas por Nélson Rodrigues, entre os anos de 1967 e 1968, publicadas no jornal O Globo.

Exceção feita ao filme “Os sete gatinhos”, que assisti no início da adolescência, ou seja, com olhos demasiadamente púberes para poder ver algo além da sensualidade cativante da Lucélia Santos, não conhecia nada do referido autor.

Confesso que havia comprado este estigma pejorativo incutido em algumas camadas da mídia, de relegar seu trabalho a uma prateleira de pornografia – que acredito nada tenha a ver com sua auto-definição, mesclada de contraste e complexidade, de ser um anjo pornográfico.

Céus, que engano!

Minha ignorância encoberta pela vergonha (assunto bem “rodrigueano” hein?) quis até me impedir de escrever.
Mas inspirado por seu texto, resolvi não ter vergonha de mostrar minha imbecilidade, assim quem não sabe não descubro um gênio...

As crônicas que li, são, ululantemente, geniais.

Uma visão terrivelmente sagaz das agruras da personalidade humana, como se Nélson enxergasse a todos por detrás das máscaras de civilizados, de bonzinhos, de arautos de um comportamento tão idealizado quanto longínquo de ser alcançado.

E tudo, com humor, muito humor.

Às vezes, cínico humor, que reconhecemos e nos faz rir de olhos fechados; rir no nosso escuro, com o semblante pego em flagrante, como se estivesse olhando pelo buraco da fechadura de uma castidade irreal, uma vez que fruto da repressão e não da sublimação dos instintos.

Ah, pelo pouco que foi lido, óbvio ululante que não posso dizer que conheço sua obra.
Mas já é possível, pelo menos, trocá-la de prateleira.
Acho que daria um bom papo com Freud, talvez.

O óbvio ululante — Primeiras confissões, "Companhia das Letras", São Paulo, 1993. Seleção: Ruy Castro

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Quando uma notícia pode trazer..poesia

Quando Dorival Caymmi faleceu, no último dia 16 de agosto, a mulher dele, Stela Maris, estava em coma há 10 dias, e contava com um total de cinco meses internada em razão de problemas cardíacos.

Dia 27, quarta-feira passada, 11 dias depois da partida do marido, Stela Maris também partiu.

Em meio à notícia da Folha de São Paulo, de hoje, sexta, 29/08, sobre o enterro da viúva de Dorival Caymmi, um comentário da neta do casal, Stella Caymmi, me tocou profundamente.

Para ela, sua avó “foi poupada da morte dele, e ele foi poupado da morte dela”.

No meio de tantas outras notícias e informações, que vão abrindo tantas janelas em minha cabeça, este comentário simples, numa notícia curta, fez o tempo parar por segundos.

Assim como, a visão de um nascer ou pôr-do-sol, ou um sorriso pleno de um filho.

Permitam-me repetir a frase:

Para ela, sua avó “foi poupada da morte dele, e ele foi poupado da morte dela”.

Quando ele partiu, ela não pôde saber, e, quando ela partiu, ele já estava lá...esperando por ela.

Não é ma-ra-vi-lho-sa-men-te lindo isso?

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Saldo das Olimpíadas


Tiroteio de opiniões, críticas e balanços positivos e negativos, conteúdos esportivos, matemáticos e políticos.

Muitos milhões por poucas medalhas, ou muitas participações e experiências que frutificarão no futuro e justificarão o investimento efetuado?

Muitas informações.
Muitas dúvidas.

Acabo de constatar que, dentro de mim, o saldo é a consciência da idade.

Quando era criança, não entendia nada de política (não que agora entenda muito...).
Apenas torcia, em tudo, para o Brasil. Adorava ouvir e cantar o hino com a mão no coração.

Depois, crescendo, ouvi aquela canção de Lennon dizendo “...imagine não haver países...é fácil se você tentar...” e aí já complicou um pouco a minha cabeça.

E aí você vai passando por algumas religiões e filosofias que vão sussurrando no íntimo do ser, que somos todos um , que esse negócio de países e bandeiras é só uma brincadeira, às vezes levada a sério demais, o que causa problemas demais.

Somos um só povo, habitantes do planeta Terra.

E como disse uma amiga em uma viagem a São Thomé das Letras “... olha só, preste atenção, nós aqui, num globo, girando, solto no espaço, sem nada a segurar, nem um fiozinho de nylon sequer”.

Quando criança, pulava de alegria nas vitórias, e chorava muito de tristeza nas derrotas.

Agora, com a idade cronológica avançando, passamos a perceber os interesses pessoais, políticos e financeiros de instituições e governos, como névoas, permeando os sentimentos mais simples e nobres que somos capazes de sentir.

Saldo negativo principal: nossos governos, independente de partidos políticos, realmente poderiam cuidar - no sentido de criar oportunidades e estímulos – melhor da população brasileira.

Saldo positivo: apesar de tudo, chorei e pulei de alegria várias vezes.

A criança ainda vive.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Ao Hypólito

Você não amarelou.

A não ser, no bom sentido, de fazer a torcida brasileira, vestir o amarelo para torcer por sua medalha.

Você não deve nada, absolutamente, a nós, torcedores, à sua equipe ou aos seus patrocinadores.

Não caia na armadilha da imprensa de lhe impor motivos pela queda, falta de concentração, excesso de confiança, etc.

Sem concentração e confiança, você jamais teria chegado aonde chegou.

Caiu?
E quem de nós não cai?

Quem de nós faz do seu trabalho, um esporte?

Quem de nós dedica a vida a uma paixão, mesmo que ela nos exija tanta disciplina, dores físicas, uma rotina massacrante e mesmo com todos esses ingredientes, se tornar parte da elite mundial dos praticantes dessa paixão?

Permita-me dizer, que seu sincero pedido de desculpas aos brasileiros, não nos cabe.

Talvez, todos os brasileiros é que devêssemos pedir desculpas, por não termos torcido o suficiente, por não termos acreditado o suficiente, por não sermos bons, o suficiente, para torcer e, independente do resultado, lhe mostrar que você é um vencedor, e aqui não cabe nenhuma tentativa de consolação, você é um VENCEDOR mesmo, e sendo assim, nos faz também, vencedores.

Você, e todos os membros da equipe de ginástica, cumprem essa “função” do esporte, de servir de exemplo para nos tornamos melhores naquilo que fazemos.

Desculpe-nos, Diego, se fizemos você sentir uma obrigação exagerada de vencer.

Sinto que não a temos.

Temos obrigação de fazer o nosso melhor, e nisso, não tenho dúvidas que você leva medalha de ouro.

Obrigado, Diego!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pinóquios Sapiens


Fico impressionado como vivemos maquiando, falsificando a realidade.

As “pegadas” desenhadas nos céus de Pequim na abertura das Olimpíadas eram apenas efeitos de computação gráfica.

A menina chinesa que cantou e encantou durante a cerimônia, na verdade estava só dublando.

Isso sem falar na possibilidade das nuvens serem bombardeadas para que só chovesse na hora desejada (o que não precisou ser feito).

Não cabe aqui uma crítica aos chineses.

Todos os povos se utilizam de artifícios para manipular fatos, informações, acontecimentos, a natureza, os relacionamentos, tudo, enfim.

Mas essas notícias sempre abrem um canal de perplexidade, dando asas à imaginação.

Quantas mentiras são contadas e mostradas, que todos acreditamos e talvez, não sejam “bem assim”?

Até hoje há quem acredite que a chegada do Homem à lua foi um truque, uma estratégia dos americanos para intimidar os soviéticos durante a guerra fria.

Eu acredito que o homem realmente tenha pisado lá, não tenho muito apreço por teorias da conspiração, mas.....vai saber...

Por que será que temos essa necessidade tão grande de parecer uma coisa que não somos?

É homem fazendo cirurgia para mudar de sexo, é mulher siliconando seios e bumbum....

Não sei não, mas acho que o nariz de Pinóquio nem cresce mais. A não ser que coloque umas miligramas de silicone...


E o Grilo Falante? Deve estar na fila do desemprego!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Muito mato pra pouco grilo

Há muito ouro, muita cobiça
A boca seca pela sede de justiça

Há muita fome, há muito nome
É meio-dia e tá atacando o lobisomem

Há muita farsa, tem pouca graça
Breakfast de operário é cachaça

Há muito disso, muito daquilo
Tem muito mato pra muito pouco grilo

Há muita nota, pouco dinheiro
O dobro da metade é quase inteiro

Há muito corpo e pouca tanga
Tem muito galo soltando a sua franga

Há muita fé, muita esperança
Pouco cacique pra tanta pajelança

Há muito filme, muita novela
Tem até santo acendendo a sua vela

Há muita regra, muito partido
E o sono eterno do gigante adormecido

mais letras da adolescência (dos 16 aos 18, quase sempre "alterado"...)

Alguns trechos soltos:


Todo rosto, um gosto que nos faz sorrir
Cada caminho, um destino pra seguir
Cada abraço, um espaço pra se desunir...

Você tem uma fé sincera em sua crença?
Ou só reza quando tem um revólver apontado pra cabeça?

Eu olho para a frente pra andar mais depressa
Caminho para o simples pela parte complexa
Eu vou para o labirinto onde espelhos me esperam
Sigo as setas certas que alguns não quiseram



Existe uma certa cadência na minha pressa
E a esperta inocência caminha perversa...
Por acaso um dia desses me senti traído
Por hesitar em pôr em prática o que tinha aprendido

Eu quero tudo tanto a cada instante
Cantar
Como nossos pais
A ideologia
De uma metamorfose ambulante....

Letras de músicas da juventude.....

Leão de Asas

O sol se esvanece no seu íntimo noturno
Seus lábios são as nuvens de um céu material
Seus beijos em aspas me tornam infiel ao sabor do vinho
O vinho derramado no chão

Deitada tua alma nua
Amando o meu corpo físico
Uma lágrima simples chorando
No espaço ao redor de um círculo

Numa pira a tocha se inflama
Erupção queimando a certeza
O cio valente de um poder escasso
Aço rente ao rio sem cor
Como o descanso de uma reação espontânea

Um grito de agonia e tiros
A benção de um recém nascido
O olhar de um cachorro triste
Alpiste pra um Leão de Asas

Num cenário de nomes vazios e ruínas belas
Nosso gozo mútuo nos ressuscita
Meu sêmen em ti nos imortaliza

Sou o astro-rei do seu íntimo amanhecido
Sou habitante do teu olhar narcisista
Me apresento no seu desejo de me ter

Em que direção você voa?
Em que direção você voa?


Ser...Veja....(uma Ode à cerveja)


Ser...veja...é uma desculpa
Servida em bandeja
Bebida em culpa...
Ou em simples inocência
Uma Ciência
Nem física ou exata
Mas sim...úmida, líquida..linda e loura
Dourada
Não mulher, mas amante
Amada
De espuma, leve camada
Uma bruma
Umas brahmas
Antárcticas
Todas fantásticas

Suavemente alcoólicas
Em mentes alegres...ou melancólicas

Quando de modo vil ou distraído
(sutil mas nítido)
Vem o porre
Onde morre...a timidez
De embriaguez

Tal qual a poção da verdade
Que ao contato com os lábios
Doa uma noção de felicidade
E uma ressaca...aos sábios

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Conte uma história ecológica e ganhe um brinde (sério!)

Como Funciona:

Conte uma história real de sua vida que tenha a Natureza/Ecologia como integrante (principal ou coadjuvante) e concorra a convites para assistir às gravações do Programa Rock Gol, da MTV, semana que vem.
As gravações ocorrerão de segunda à sexta (12 a 16/05), no complexo esportivo do Ibirapuera.
Mais informações você pode acessar o link:

http://mtv.uol.com.br/drops/drops.php?id=36361

Observação: os convites gratuitos estão sendo distribuídos pela MTV até o dia 10/05. Por isso, se você quiser ir e não tiver tempo de pegar os convites no ginásio do Ibirapuera, mande uma história bacana para este blog e, se for sorteado, combinamos como entrego.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Baraka, a unidade na diversidade

Um filme-poema. Uma manifesto visual-auditivo.
Um conto de fadas cuja lição de moral embutida é: mesmo sendo vários, múltiplos e plurais, no fundo somos um só povo.
É tarefa árdua rotular este filme, dirigido por Ron Fricke, em 1992.

Sem nenhuma narração ou diálogo, a não ser o do casamento extremamente harmonioso das imagens com a trilha sonora.
O diretor usa e abusa dos contrastes de ritmos, situações e climas.
Momentos de fé religiosa e celebração se contrapondo a outros de pobreza e abandono.
Momentos de silêncio e olhares contemplativos intercalados com o frenesi, o barulho e a aglomeração urbana desenfreada.

O filme pulsa.

Uma das mensagens é que tudo está em movimento.

A natureza, em seus mais variados aspectos.
As fases da lua. O amanhecer e o anoitecer. Chuva. Trovões. As nuvens que caminham no céu nos lembrando as espumas das cachoeiras incansáveis.
As ondas do mar.
E os movimentos do Homem.
Dirigindo seus carros em trânsitos caóticos, trabalhando em condições desfavoráveis, seja em uma fábrica ou na rua, rezando, dançando, indo e vindo, às vezes sem direção.

Luz e sombra caminhando juntas, mostrando grandes realizações do Homem, como as pirâmides e esfinges do Egito, o grande exército chinês feito de barro, e, ao mesmo tempo, a fumaça preta dos campos de petróleo incendiados no Kwait e as gélidas imagens de ossos e crânios amontoados num campo de concentração.

Entre as mais discrepantes sensações que podemos sentir ao assistir “Baraka”, um fio condutor invisível parece nos levar a outra mensagem: de que tudo é uma coisa só ou de que todos somos um só.
De que há muito mais semelhanças (de sentimentos, de atitudes) do que as diferenças de cenário ou de língua podem nos fazer supor.
Todos rezamos pelo Deus em que acreditamos, dançamos, cantamos, nos vestimos, nos enfeitamos, nos pintamos, casamos, criamos filhos, sofremos, celebramos, lutamos pela sobrevivência, enfim.

Assim como os pássaros mostrados em várias regiões.
Não são os mesmos pássaros.
Suas asas, cores, bicos e penas são distintos.
Distinções essas, que não os livram de serem...pássaros!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Documentário: "Janela da Alma"

O documentário “Janela da Alma”, dos diretores João Jardim e Walter de Carvalho, coloca uma lente de aumento em distúrbios visuais diversos de 19 pessoas, para mostrar o que esses problemas acarretam em suas emoções e percepções do mundo e da vida de modo geral.

Sob este foco, nos revela muito mais do que simplesmente as limitações de quem possui algum tipo de deficiência e suas maneiras de aceitarem e superarem estes limites.

Indo muito além, suas câmeras captam, através dos relatos intercalados com imagens difusas e turvas, aspectos profundos da realidade física e emocional sentida e vivenciada por estas pessoas.

José Saramago, Wim Wenders, Marieta Severo e Hermeto Pascoal, entre outros, partilham com o espectador nuances de suas experiências e impressões obtidas através de uma sensibilidade extremamente aguçada, abrindo janelas e portas de uma compreensão maior a respeito do significado das imagens ou da falta delas.

Os depoimentos fazem com que nossos sentimentos sejam realmente tocados, nos levando a refletir sobre preconceitos, formas e ângulos de se olhar para algo. Apresentam ainda, uma visão crítica do bombardeio de imagens oferecido pelo mundo moderno, que levaria à pura dispersão, sem nenhum tipo de valor a não ser o de estimular o consumo, seja lá do que for.

Como diz Hermeto Pascoal num dos trechos do filme: “...é tanta coisa ruim que a gente vê, que atrapalha a visão certa, a visão das coisas que a gente quer fazer na vida".

Vale muito à pena dar uma espiada sim, e com muita atenção. No mínimo, vamos enxergar algumas coisas um pouco melhor.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

"O permanente e o provisório" De: Martha Medeiros

O casamento é permanente, o namoro é provisório.
O amor é permanente, a paixão é provisória.
Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.
Um endereço é permanente, uma estada é provisória.
A arte é permanente, a tendência é provisória.
De acordo? Nem eu. Um casamento que dura 20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação. O que eu fui ontem, anteontem, já é memória.

Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem pra agora, hoje é o meu dia, nenhum outro. Amor permanente... como a gente se agarra nesta ilusão. Pois se nem o amor pela gente mesmo resiste tanto tempo sem umas reavaliações. Por isso nos transformamos, temos sede de aprender, de nos melhorar, de deixar pra trás nossos imensuráveis erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o que fizemos achando que era certo e hoje condenamos.

O amor se infiltra dentro da nós, mas seguem todos em movimento: você, o amor da sua vida e o que vocês sentem. Tudo pulsando independentemente, e passíveis de se desgarrar um do outro. Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe – até que o tempo vire.

Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.



Martha Medeiros é uma jornalista e escritora brasileira. É colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro.


Estas belas e fortes palavras foram encaminhadas com muito carinho para este iniciante e modesto Blog por uma amiga/irmã, para sempre permanente no meu Ser.

Um beijo carinhoso Tânia

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sobre o perdão

Diante de uma situação particular, me vi prensado em dois: o cérebro e o coração.

O coração pedia que eu me desculpasse junto a alguém com quem cometi um erro.

O cérebro dizia jamais! Ela também errou....

E aí, se bobear, segue-se nisso a vida inteira...

O coração atiçou minha memória com 2, não, acho que com 3 lembranças destinadas a me impulsionar a cumprir meu acordo com ele (de o seguir....).

1) A guerra eterna entre judeus e palestinos. Muito ódio acumulado e alimentado mutuamente. Será que nunca um lado vai dar o primeiro passo e perdoar o outro? Nem que seja, por, digamos, malandragem, já que, se houver paz, menos sofrimento e mortes haverá, e, com isso, talvez o Tempo amenize o sentimento de vingança por tudo o que foi feito no passado por cada um dos povos.

2) Uma música, do Titãs, que perguntava: O que você faz pela Paz?

3) Uma frase de um Mestre, Prem Baba, que também questionava: “Você quer ter razão ou quer ser feliz?” (referindo-se as infindáveis brigas e causadas por questões simplesmente de diferença de pontos de vista ).

Depois de um tempo de “guerra interna”, consegui fazer a minha parte.

Parece mágica, mas toda a energia já mudou.

Se o cérebro tivesse ganho a pendenga, a guerra continuaria até sabe-se lá quando.

Como o Coração ganhou, posso hoje reconhecer que, não importa o erro do outro.
Para mim, importa o meu. Só posso consertar o meu.

Claro que vou esquecer isso uma hora e ser derrotado de novo.

Mas terei essa Vitória para me lembrar o Caminho.

Futebol

Impressionante o sentimento de rivalidade que se instala no torcedor. Hoje a Lusa joga com o Corinthians. Meu instinto grita que é melhor ganhar deles do que ser campeão...ou seja, goleada da víscera contra Descartes!!!!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Momentos Históricos

Hoje senti uma ponta de orgulho por viver num período do tempo que abriga tantos acontecimentos que ficarão marcados para sempre na história da humanidade.

Talvez seja um lado romântico, um lado de fantasia infanto-juvenil que aflora quando passo a notar que “puxa, estou fazendo parte da História da Humanidade”...

É como se estivesse inserido dentro dos livros que estudava na escola.

O que antes, só lia, decorava e esquecia....agora interajo, testemunho, opino.

Minha geração já viu o fim da ditadura no Brasil e a volta das eleições diretas, impeachmeant de presidente, o fim da guerra fria, o desmantelamento da poderosa União Soviética e a conseqüente transformação política de vários países do leste europeu.

A derrubada do Muro Berlim!

Hoje leio que Fidel Castro, por motivos de saúde renunciou ao poder em Cuba.
Não tenho condições ainda de fazer uma reflexão política do que representou Fidel e do que sua renúncia representará, para os cubanos e o mundo todo.

Neste momento só partilho a estupefação de estar vivo, acompanhando mais um capítulo histórico, que certamente entrará nas páginas de outros livros, que serão lidos por meu filho, meus netos, e por aí vai.

Isso não deixa de despertar em mim aquela sensação de dar uma espiadela fora do umbigo e ver: “Nossa, quanta coisa tem aqui fora!!!”, afinal, além de pagar minhas contas, ir para a faculdade, trabalhar, enfim, toda a dor e delícia do meu cotidiano, do meu universo particular, também faço parte de outros contextos (sociais, políticos, genéticos, religiosos, culturais, etc, etc. e muito etc...).

Tem coisas que parecem tão grandes!

Ou será que é tudo ilusão mesmo, somos só gás e poeira viajando pelo cosmos, partículas nanicas brincando de aprender a ser humanos?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Sobre o Big Brother

Vou fazer um exercício de honestidade comigo mesmo.

Nos últimos anos me juntei ao time dos críticos do programa, me baseando em diversas amostras de futilidade, de conteúdo vazio e de narcisismo e vaidade excessivamente exibidos no mesmo.

Lembro-me de ter me interessado bastante pela primeira edição e até ter gostado de muitas coisas, mas logo fiquei um tanto entediado com a mesmice dos assuntos (véspera de paredão é um horror!) e também incomodado com a linha da produção de estimular muito a sombra dos participantes, e o lado negativo de cada um, para gerar conflitos e as polêmicas tão endeusadas hoje em dia, como criadoras e mantenedores de audiência.

Já cheguei a brigar comigo mesmo por estar assistindo uma coisa que não gosto (sabe aquela pergunta: Mas, o que que eu estou fazendo aqui assistindo isso?").

Porém, na edição atual, acabei, por falta de opção e grana, assistindo algumas vezes, e me peguei gostando....até com um pouco de vergonha...?!?

Da mesma maneira que, quando criança, eu gostava de uma ou outra música do...(ai meu Deus...confessei..) Menudo, mas só ouvia escondido, porque imagina, eu, Homem (com 9,10 anos...kkkkkk) não posso gostar dessas músicas.
Mas gostava!

Agora também estou gostando de assistir ao BBB.

Senti que as pessoas realmente ficaram num clima de amizade melhor que das vezes anteriores; tem umas cenas que são muito engraçadas, por exemplo, o Rafinha sendo seduzido pela Natália ou Juliana e tentando se "proteger" com a foto da namorada e o Marcão dando risada....é impagável, me trouxe à tona meu lado moleque, de falar bobagem com os amigos, esse clima, enfim.

Resolvi então 2 coisas, talvez para me convencer de que, poxa, não tem nada de errado em gostar do BBB, pô!

Primeira: ver o lado positivo das situações e das pessoas, numa espécie de treinamento para as minhas próprias relações, ou seja, parar de ver só a coisa ruim, o lado ruim disso e daquilo e daquilo outro e enxergar o bom.

Segunda: me colocar na situação dos participantes. Porque é muito fácil sentado no sofá eu ficar julgando este ou aquele comportamento, e "achando" que eu faria diferente, que eu teria uma atitude melhor e coisa e tal.

De fora, nossas atitudes sempre são melhores, mas quando somos nós que estamos dentro de uma determinada situação, aí a coisa às vezes toma um rumo diferente.
De fora sempre resolvemos os problemas das pessoas e do mundo.
Mas de dentro das situações, envolvidos com as emoções múltiplas que emergem diante dos vários estímulos externos e as consequentes reações internas, somos capazes muitas vezes de ter um comportamento completamente diferente do que julgaríamos adequado.

É isso, um pequeno exorcismo num preconceito pseudo-intelectual.
Acho que o BBB vale, sim, como um espelho para todos nós.