Páginas

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Entrevista feita por mim com a cineasta Susanna Lira, diretora do filme "Nada sobre meu Pai", para o site www.tudozen.com




“A primeira forma de reconhecimento é aquela que se realiza na esfera privada, na intimidade, expressando-se no afeto e se traduzindo em confiança em si, em consciência do valor da própria existência”, de Hegel.

No site de divulgação de “Nada sobre meu pai”, a frase é reveladora.

Susanna Lira, diretora do filme que aborda a questão da ausência do pai no Brasil, uniu jornada pessoal à profissional e pesquisou durante quatro anos o tema, culminando na película que tem estréia prevista para 2011.

Entre a edição de um filme e lançamento de outro (veja no final da matéria), Susanna conseguiu atender por e-mail o TudoZen, para uma conversa rica e conscientizadora.

TZ: Na sua visão, a que se deve, principalmente, esta atitude de muitos pais sumirem, não reconhecerem e nem participarem da vida dos filhos? A mãe pode fazer algo, em alguns casos a este respeito?


SL: Eu entendo a ausência paterna como um fator histórico que foi evoluindo para um estado cultural. Hoje, o fenômeno da deserção paterna está naturalizado em nossa sociedade. É um mal social que atinge primeiramente a mãe, depois o filho e por fim toda a sociedade. Nós mulheres é que educamos nossos filhos homens e acho que parte da solução desta questão pode estar em nossas mãos. Instruindo o filho a ser um homem-cidadão, solidário e capaz de sentir compaixão pelo próximo, seria um dos primeiros passos para diminuir o número de pais desertores. Por outro lado, a mulher que fica sozinha com o filho deve buscar os direitos dessa criança para que ela tenha ajuda desse pai em todos os sentidos, e não somente auxílio financeiro. Muitas vezes mulheres que foram rejeitadas pelos parceiros excluem a figura do pai por mágoa e raiva. Mas são coisas que devem ser tratadas de formas diferentes. Para um homem ser pai do seu filho ele não necessariamente tem que ter uma relação afetiva com você. A falta de entendimento disso muito vezes impede a relação pai e filho.

TZ: Como é para a mãe explicar aos filhos a falta do pai?

SL: Contar a verdade é a melhor forma. Foi assim que minha mãe agiu comigo e isso me fez um ser humano saudável emocionalmente e capaz de lidar com minhas dificuldades sem culpabilizar o outro. Sei que pode ser bem cruel falar para uma criança que ela foi rejeitada e abandonada pelo pai, mas é melhor do que ela criar uma fantasia de que esse super-herói um dia surgirá para livrá-la de todos os problemas. A vida não é assim. E viver com essa ausência é um desafio para se construir como pessoa.

TZ: Você poderia nos explicar o ponto de partida pra você fazer o filme?
 
SL: Aos 7 anos de idade minha filha Pilar estava fazendo um trabalho escolar onde ela teria que construir sua árvore genealógica. Cada parente tinha uma folhinha com a foto. No lado do meu pai não tinha nada e por conseqüência tios, avós e bisavôs paternos também ficaram ausentes. Ou seja, a árvore ficou “desfolhada”. Ela ficou desolada e levou o trabalho para escola. E com certeza foi o que mais chamou a atenção da turma. Pela primeira vez visualizei a materialização da ausência paterna. Metade da árvore genealógica da minha família era um imenso vazio. Para buscar uma resposta para ela, decidi investigar melhor as causas e conseqüências deste vazio que afeta milhões de brasileiros no mundo. Foi assim que surgiu o filme.

TZ: Você nunca soube nada mesmo a respeito do seu pai? Sua mãe nunca disse nada? Mesmo com a ausência dele, você gostaria de conhecê-lo? Por quê?

SL: Não sei NADA SOBRE MEU PAI. A única coisa que achava que sabia dele, que era o nome, foi constatado que ele não declarou o nome certo para minha mãe. Sei que ele é equatoriano, é só! Nunca vi nenhum foto e nunca consegui nenhuma outra informação.
Minha mãe disse tudo que sabia, e infelizmente é quase nada. Não guardo mágoa e não tenho rancores, mas acredito que pouco me acrescentaria conhecê-lo agora. Eu sou feita por essa ausência. Talvez se ele surgisse na minha frente agora me causasse uma desconstrução desnecessária.

TZ: Acredito que tudo pode acontecer nessa vida. Uma amiga em janeiro último reviu seu pai que não via há mais de 30 anos. Ele a procurou pela internet, fez contato e conseguiram se encontrar. Baseado nisso, será que podemos fazer um exercício: Se você encontrasse seu pai, ou se, pelo menos, por exemplo, ele lesse esta entrevista, o que você gostaria de dizer para ele? 


SL: Seria uma grande contradição eu declarar aqui que não quero conhecer meu pai. Na verdade, já até procurei por ele. Quando digo que pouco me acrescentaria conhecê-lo agora, falo em nome de milhões de filhos que nunca vão encontrar os pais e terão que conviver com essa ausência para o resto da vida. Aceitei essa ausência como parte da minha história, e deste vazio estou realizando um filme. Estou fazendo o que está ao meu alcance para que mais pessoas não sejam atingidas pela falta de um pai.
Agora, fazendo o exercício proposto por vocês, se eu encontrasse meu pai agora, o que eu diria para ele? Acho que na verdade esse trabalho de 5 anos de pesquisas e filmagens em torno deste tema, no fundo é um grande discurso subjetivo que preparo inconscientemente para ele. Na voz de outros filhos compartilho minhas fragilidades e sentimentos.


TZ: Em que exatamente você acha que ficou privada na vida com essa ausência paterna?

SL: Uma das bandeiras que quero levantar no filme é a importância do pai. Se os homens soubessem o quanto eles são fundamentais e o quanto eles fazem falta em todos os momentos na vida de um filho haveria muito menos desertores.
Para cada pessoa a figura paterna faz uma falta diferente. Encontrei pessoas que queria o pai presente para apenas jogar bola, outros para pedir dinheiro para comprar um brinquedo, outros queriam o colo paterno e uns apenas para poder chamar alguém de pai.
Acho que eu sinto mais falta na hora de compartilhar minhas alegrias. 


TZ: Você sente que uma das ferramentas para fazer “do limão uma limonada” com a situação do pai ausente, é ajudar seu marido a ser o melhor pai possível para sua filha? 

SL: Com certeza nós mulheres podemos ser boas mediadoras nesta relação pai e filho. E tudo começa quando abrimos espaço para que esse homem exerça sua paternidade. É fundamental expressarmos ao homem-pai o quanto ele é fundamental e importante na vida daquele filho. O meu filme pretende ser um convite amoroso à paternidade. 

TZ: Pode nos narrar alguma história que tenha te tocado profundamente (das histórias pesquisadas para o filme).

SL: Uma das histórias que mais me emocionou foi de um porteiro em Brasília. Ele passou por maus momentos na vida, envolvido com drogas e com o crime. Conseguiu se salvar quase por um milagre. Hoje ele tem um filho de 7 anos, a quem ele chama de “pai”. Ele chama o filho, que é uma criança, de pai, pois sente falta de chamar alguém de pai. Achei isso muito forte, pois demonstra como a ausência paterna pode ter conseqüências tão sutis, ternas e delicadas.

TZ: Existe algo que se possa fazer para atenuar o sentimento de vazio em comemorações como a do dia dos pais? (tanto a pessoa que não tem pai como qualquer pessoa sensível a essa situação)

SL: Cada um tem modo de lidar com suas emoções. Eu tento me divertir com meu “caos”. No dia dos pais saio para descontrair e comemorar minha vida. Afinal, mesmo a contragosto de alguém estou aqui viva e provocando as pessoas com meu trabalho. Tenho certeza que sou uma pessoa íntegra e quem mais saiu perdendo nesta história foi meu pai, que perdeu a chance de viver uma linda história de amor comigo. Pode parecer estranho, mas é como consegui superar. As mães sozinhas têm muito receio nessas datas, pois sabem que os filhos passarão por constrangimentos e momentos de solidão. E é verdade. Mas essa é a história deles. Esses sentimentos também fazem parte da vida. Eles só terão que aprender a lidar com isso mais cedo que o resto do mundo.


TZ: Fez terapia? Acha interessante que as pessoas neste caso façam?

SL: Nunca fiz terapia, mas acho muito importante. A questão da ausência paterna não necessariamente leva o filho para o divã, mas as conseqüências deste “vazio” têm se tornado cada vez mais evidentes em nossa sociedade. Acho que tanto os filhos quanto os pais desertores deveriam buscar tratamento. Os homens que vão embora e deixam aquela mulher sozinha com um filho deveriam buscar ajuda para entender o porquê de tanta falta de solidariedade, de tanto desamor. Afinal parte deles fica no abandono. Esse desapego deve ser tratado, pois gera uma infinidade de dissabores para todos os envolvidos.

TZ: Você teve contato com homens que não tiveram pais e são pais? Como eles agem na educação sem essa referência paterna?

SL: Sim tive. E é bonito de se ver. Pois a maioria deles se torna pais muito dedicados e amorosos. Ouvi muitas vezes: “Eu sou o pai que eu gostaria de ter tido”. Mesmo sem a referência em casa, eles aprenderam vendo tios, vizinhos, avôs exercendo a paternidade. E eles procuram aprimorar tudo àquilo que viram e também buscam suprir a falta que sentiram ao longo da vida. Só quem não teve um pai é que sabe a falta que isso faz, por isso eles procuram estarem presentes.

Contatos com Susana Lira podem ser feitos através do site: http://www.modooperante.com.br/

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Trip Colaborativa - Carta para daqui há 10 anos - Carta para mim mesmo

E aí parceiro?

Não tem problema eu mesmo escrever o que eu mesmo vou ler porque a minha memória, ou melhor, a minha vaga lembrança, ah, há de esquecer!

Neste momento, quero dizer o meu momento, eu-escritor, não o seu momento, eu-leitor, uma década separa nossos eus (se é que ainda existirão).
Acredito que a Terra ainda deva girar, mesmo que haja uma certa dificuldade em se sustentar, pois não sei se o seu eixo corre risco de se derreter com os calores que já deve suar...
Diz-me aí, o que tem feito?
Que músicas tem escutado?
O que tem lido, bebido, mastigado?
Tens namorado, transado ou ainda fica na caverna, ensimesmado?
Mesmo que não tenha evoluído tanto quanto as tecnologias, eu não espero estar aí para ter tuas respostas (o que escreve não mais existe, me compreende?).
O que ainda existe?
Meu Deus, será que você existirá para dar vida ao que escrevo, ou escrevo palavras mortas que não serão lidas...nem significadas...nem sequer....visualizadas por quem não as pode compreender, ou pior (pensamento demente), serão vistas por outros olhos, outras lentes, outras mentes, outras...
Devo desistir, apagar tudo?
Não, não apagarei, assim como não podemos apagar nada do que acontece na vida.
Não há borracha para a realidade, apenas mais tinta...e vontade.
Mais tinta e mais vontade.
…......................................
…......................................

Ainda está aí?
Ou dormiu...ou estás a rir??

Pois é, era você, que era assim...

Trip Colaborativa - Carta para daqui há 10 anos -Carta para meu filho

Filhão!
Agora mais ão do que nunca hein?
Duplo parabéns!
Duplo porque hoje, quando você lê esta carta, está comemorando 18 anos, mas ao mesmo tempo também hoje, quando eu a escrevo, comemora 8!

Eu gostaria muito que, neste período, os israelenses e palestinos tenham conseguido se perdoar, mas, se isso não tiver sido possível, que você possa ter perdoado seu melhor amigo, em algum eventual escorregão.

Eu gostaria muito que neste período, tenham terminado todas as guerras, mas se isso não tiver sido possível, que você só tenha sido violento com, no máximo, alguns mosquitos amazônicos e ainda assim, em em total legítima defesa.

Eu gostaria que não houvessem mais drogas no mundo, mas se isso não tiver sido possível, que o seu primeiro porre tenha sido motivado pela alegria e irresponsabilidade inocente junto à amigos verdadeiros (ou quem sabe, comigo...).

Eu gostaria muito que todas as pessoas tivessem suas casas, mas se isso não tiver sido possível, que pelo menos todos os pais possam ter tido um acampamento como o nosso naquele feriado.

Eu gostaria muito que não existisse mais fome nem analfabetismo no mundo, mas talvez eles nunca deixem de existir, assim como nossos fantasmas internos (você já deve conhecer alguns não é?).

Ah, eu gostaria muito que nossas brincadeiras de quando começaram a crescer seus pelos e do seu primeiro barbear permanecessem eternizadas, como as nossas partidas de futebol de antigamente.

Espero que agora, adulto, você, mais do que ter dinheiro, possa saber reconhecer o seu valor e o dos outros.

Que mais do que um milhão de contatos nas redes sociais você possa ter amigos presentes, reais.

Que mais do que a posse de tecnologia e suas inovações, você tenha seus princípios, e que os mesmos não se tornem suas prisões.

Que além do rock´n´roll (ainda existe filho?), você se dê pitas de silêncio e meditações.

Que se você já souber qual será sua profissão, que ela seja uma ponte entre tua razão e coração, e se ainda não souber, relaxa, tem muito chão.

Que eu possa escutar com você, os seus flash-backs favoritos, quando pintar o primeiro amor, e também falar do meu...ah e que o seu seja superior.

Filhão, espero mesmo ter conseguido implantar em seu chip , tudo o que precisar, para que possa ter...uma “GOOD TRIP”!

Trip Colaborativa - Carta para daqui há 10 anos - Carta para um Amor Impossível

Pensei em deixar para te escrever depois, porque queria começar esta carta de forma diferente do que um simples oi.
Se tivesse seguido esse pensamento, iria até o “São Google” e pesquisaria o modo de se cumprimentar em outras línguas, outras culturas, desde possíveis tribos indígenas isoladas (?) na Amazônia até comunidades undergrounds européias ou dialetos de grupos nômades dos desertos africanos ou até quem sabe, uma gíria do momento doa baladeiros neozelandeses.
 Percorreria o mundo para tentar entrar no seu...

Mas decidi escrever agora, já, sem nenhum recurso tecnológico ao alcance a me anexar dados tão instantâneos que chegam a me soarem falsos.
São dez horas da manhã.
Há dez anos atrás, que é quando efetivamente escrevo estas palavras, tivemos nosso último contato.
Você havia acabado de se separar e me chamou em uma janela do msn.
Dizia que estava péssima (claro, pra me chamar....).
Dúvidas, cicatrizes abertas e incertezas de rumo eram as suas companheiras naqueles dias.
Vou confessar: por trás de minha aparente amizade e tentativa de lhe confortar e motivar, eu estava muito feliz!
Sim, fui egoísta, my darling, deveras.
Afinal, o menino que a conheceu e se prostrou encantado, em meus tenros dez anos de idade, ainda vivia em mim.
E nesse menino, o sentimento, arrefecido ou escondido, igualmente persistia vivo.
Eu ainda te amava.

E naquele instante, enquanto você desabafava que seu ex-marido isso, que seu ex-marido aquilo ou aquilo outro, eu era sugado em minhas conexões neurais por uma espécie de êxtase, como uma tela interna de cinema sendo projetada pela imaginação desenfreada, criando as formas desse nosso encontro.
Claro, era nosso destino, traçado nas maternidades ou eternidades, eu e você, nascidos um para o outro.
Eu te consolaria, escutaria, e para ouvir melhor...te abraçaria (sim, te ouviria melhor assim, com nossas orelhas quase juntas).

Suas lágrimas cairiam, criando um mínimo riacho na superfície de tua face.

Num brevíssimo segundo, depois que eu a contemplasse, faria com meus lábios, de teu riacho, um lago, eu teu olhar, então, da profundeza desse lago, dentro do meu, de todos os meus eus; e eles, todos os eus, unidos no beijo, único, singular, divisor de águas em nossas vidas e , incoerente, semente de multiplicação de nossas carnes.

Como eu queria ler seus olhos lendo esta carta.
Está com raiva? Indiferença? Ou...está...gostando...?
Sei que tudo isso não deve fazer o menor sentido para você.
Muitas coisas mudaram.
O clima está mais quente, algumas geleiras realmente derreteram.
Seus pais ainda estão vivos?
Você teve filhos?
Tem alguma peça de roupa antiga guardada?
Muitas coisas mudaram.
As gírias, os programas da televisão, as músicas, a realidade, os sonhos...
Bem, caso você esteja separando novamente...meu sonho de ser teu sonho...foi um sonho bom viu?

PS.: “Tashi Delek” (cumprimento tibetano que significa Que tudo corra bem) e "Vertu sæll" (cumprimento islandês que significa Seja feliz).

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Twit perfeito do Mauro Betting...

Na Sonia Abrão: ex-filho ataca ex-mãe possuída por espírito de ex-faraó egípcio abduzido por ex-participante de Big Brother Mesopotâmia...

Dia do Filósofo

Hj tb é o Dia do Filósofo. Pra comemorar vou filosofar:..............................................................putz...não veio nada...

Parabéns Teresina!

Hoje é aniversário da cidade de Teresina, no Piauí: Para comemorar poemas de alta estirpe! http://poetasdopiaui.blogspot.com/

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ABC da Lusa (Em homenagem aos 90 anos - 14.08.2010)

A-ssociação Portuguesa de Desportos

B-randãozinho / Bentinho / Basílio / Benazzi / Badeco

C-andinho / Capitão / Cabinho / Cabeção / Carlos (goleiro Seleção 86)

D-jalma Santos/ Dener / Dicá  / Diogo / Daniel Gonzalez / Dinamite

E-néas / Edu Marangon / Écio Pasca

F-estas Juninas / Félix (goleiro (Seleção 70) / Flávio Costa (Técnico Seleção 50)

G-alo Bravo (a noite de dispensa de vários jogadores)

H-óquei (campeã mundial modalidade feminina)

I-vair / Início (Torneio campeã em 35/47 e 96)

J-ulinho Botelho / Jair Picerni / Jorge Vieira / José Poy / João Avelino

L-eões da Fabulosa (A Torcida)/ Luis Pereira / Leandro Amaral / Leivinha

M-ackenzie (primeiro time da Lusa em fusão com o time universitário) / Mario Travaglini / Marinho Peres / Muca / Mario Américo (massagista da Seleção)

N-ove de janeiro de 1972 – Inauguração do estádio do Canindé

O-swaldo Teixeira Duarte, o mais importante presidente / Oto Glória / Oswaldo Brandão / Orlando / Oleúde (não resisti...)

P-átria Mãe Portugal / Pinga / Pirataria Rubro-Verde / Peneiras / Pinga / Piau / Paulinho McLaren

Q-uatorze de agosto de 1920 (fundação do clube) / Quiosques

R-io-São Paulo – campeã em 1952/55 / Roberto Leal (autor do hino) / Rodrigo Fabri / Rubens Minelli

S-ofrimento / Serginho (meu melhor goleiro, do time de 85)

T-ri Fita Azul (Troféu entregue pela A Gazeta Esportiva ao time brasileiro que ficasse 10 partidas invicto no exterior) / Taça São Paulo de Juniors (91 e 2002) / Toninho / Toquinho (também não resisti...) / Taborda (Tb não...rs)

U-ltimo título de expressão –Paulistão 1973

V-ice Campeã brasileira de 1996

W-eb Rádio / Waldir Peres / Wilson Carrasco
X-axá

Z-é Roberto / Zé Maria / Zecão / Zenon / Zagallo

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Caso Bruno ou um caso da sociedade humana?


http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/posts/2010/07/12/bruno-do-flamengo-camelos-lucram-com-tragedia-de-eliza-307429.asp 
A matéria acima, lida no portal G1, é de estremecer.
Camelôs estão lucrando coma tragédia de Eliza Salmudio, ao vender DVDs de seus 2 filmes pornográficos, que estampam em suas respectivas capas fotos dela e do ex-goleiro Bruno, então no Flamengo.
Eis aí uma situação a ser muito estudada por filósofos, psicólogos e pensadores em geral da condição humana.
No caso, que está sendo investigado pela polícia, há suspeitas de atitudes macabras e doentias, de todos os lados envolvidos.
O goleiro, que podia ser considerado um vencedor na vida, a despeito de seu abandono pelos pais e infância difícil, titularíssimo da equipe de maior torcida no país e candidato a uma vaga na seleção.
A vítima, que talvez já ganhasse tal alcunha através de sua base familiar, um tanto desestruturada por não conviver com a mãe e ter um pai acusado de estuprar uma menor (isso fora o que não veio a público), interessada em ser modelo, atriz ou qualquer coisa que garantisse seu sustento, talvez até mesmo participar de baladas movidas a álcool e drogas com os “bons partidos” que pensam ser os jogadores de futebol.
Delegados narrando a barbárie com nuances de interpretação teatral em suas entrevistas.
A sociedade como um todo, alimentada pela imprensa caçadora de ibope à custa de toda e qualquer indignidade humana, tem o seu Monstro da vez para que todos joguem suas pedras e se sintam melhores, e se sintam diferentes, e se sintam quase felizes, de sua situação de superioridade, quase como se fosse um mundo à parte desse mundo de degeneração.
E os camelôs, do início do texto?
Talvez não tenham condições de refletir sobre o que estão vendendo e estimulando, pois estão tentando sobreviver.
Alguns alimentarão suas filhas com o lucro dos tais DVDs.
Outros alimentarão suas cachaças.
E os compradores?
Atraídos pelo macabro, pra chegar num estágio de insensibilidade terão que pelejar muito ainda.
Alimentar-se-ão de imagens irremediavelmente manchadas por uma realidade muito mais crua do que nua.
Tão real que os farão esquecer, pelo tempo que durar as cenas, de sua própria realidade, talvez quase tão crua e nua de vazio, que precisam desta espécie de ópio.
Talvez a sociedade forme imperceptivelmente estas monstruosidades latentes em cada um.
Isso me parece mais real do que simplesmente, a título de uma tentativa de proteção de nossa consciência, acreditar que os Monstros são raras aberrações da natureza.

Profondeur-alcarma

http://www.facebook.com/pages/alcarma-alkrmt/161238930096#!/video/video.php?v=112593935456580

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Curiosidades sobre a Holanda (Fonte: Consulado em São Paulo)

* Um quarto dos Países Baixos fica abaixo do nível do mar.

* "Países Baixos" e "Holanda" são nomes usados para descrever o mesmo país.

* A língua neerlandesa é tambem falàda na Bélgica, norte da França, Suriname, as antilhas Neerlandesas e Aruba.

* A Corte Internacional de Justiça (Palácio da Paz) é sediada em Haia (Den Haag).

* Nos Países Baixos, ainda há cerca de 1000 moinhos de vento em funcionamento.

* Os Países Baixos, com seus 0,008% da superfície mundial, são o terceiro país do mundo exportador de produtos agrícolas, atrás apenas dos Estados Unidos e da França. 

* E menos de 5% da população neerlandesa trabalha na agricultura.

* Nos Países Baixos come-se o arenque (um tipo de peixe) cru, apenas passado em cebola picada e sal.

* Os Países Baixos têm mais de 15.000 km. de ciclovias.

* Há quase tantas bicicletas quanto habitantes nos Países Baixos, e duas vezes mais biciletas do que carros.

* A cidade de Externe link Amsterdã é a capital dos Países Baixos, mas a sede do governo fica na cidade de Haia.

* A cidade de Amsterdã tem 1281 pontes.

* O aeroporto internacional de Amsterdã - Externe link Schiphol - fica a 4,5 metros abaixo do nível do mar.

* Em Amsterdã vivem pessoas de 200 nacionalidades.

* A bala favorita dos neerlandeses - drop - é salgada.

* O povo neerlandês é o povo mais alto do mundo.

* Os Países Baixos foram um dos fundadores da União Européia.

* Os Países Baixos têm a maior concentração de museus do mundo, quase 1000, dos quais 42 em Amsterdã.

* Em Amsterdã você pode ver 206 quadros de Van Gogh e 22 obras de Rembrandt.

* O ponto mais alto dos Países Baixos fica na província de Limburgo, tem 323 metros de alturav , e é chamado de "montanha".

* A maioria dos neerlandeses sabem falar pelo menos um idioma estrangeiro.

* Na cidade de Roterdã fica o maior Externe link porto do mundo.

* Depois dos escandinavos, os neerlandeses são os maiores consumidores de café no mundo.

* Flores, voce encontra na mesa de praticamente todos os lares.

* Um em cada três neerlandeses é membro ativo de uma associação esportiva.

* Cerca 30% dos bebês Neerlandeses nascem em casa.

* Quando estudantes neerlandeses passam nos exames da escola, eles penduram a bandeira neerlandesa e a bolsa de material escolar no exterior da casa.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

07 de maio

Em um 07 de Maio (1945), a Alemanha assinou sua rendição junto aos aliados, pondo fim à II Guerra Mundial.

Hitler, uma semana antes, havia se suicidado.

O Mundo respirava.

"Patriotas sempre falam sobre morrer por seu país, nunca sobre matar por seu país."

Bertrand Russell

"Na paz filhos enterram seus pais. Na guerra pais enterram seu filhos."

Heródoto

quinta-feira, 6 de maio de 2010

06 de Maio

"Para adornar-te, para vestir-te,para fazer-te mais preciosa, o mar dá as suas pérolas, a terra o seu ouro, os jardins as suas flores."

Rabindranath Tagore, que nasceu em um 06 de Maio.

Humildade - Darcy Ribeiro

Do livro "O Melho do Roda Viva", organzado pelo Paulo Markun.

Entrevista com o Antropólogo e Professor Darcy Ribeiro, em 20/06/88.

Pergunta feita por Wiliam Waack, então no Jornal da Tarde:

- "O Senhor é descrito pelos seus amigos como megalomaníaco. Como um fabricante de sonhos. Como é que anda o seu ego, depois que o senhor perdeu uma eleição no Rio?".

Resposta de Darcy:

- "Meu querido! Eu estou querendo é ser elogiado, eu gosto que me elogiem. Cada um de vocês que quiser me elogiar, me elogie, porque eu preciso disso. Eu acho que é uma debilidade minha. Ao contrário de você, que não precisa de elogios, eu sou carente, eu preciso de amor, eu preciso de carinho, de elogios, e não poupem isso não, porque eu sou realmente carente. O que parece megalomania não é. É vontade de ser apoiado, ser compreendido. É carência. Eu sou um carente."

Luiz Tasso Neto - Coordenador de Jornalismo da Rádio Jovem Pan

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Locutor e jornalista Cyro César sobre a rádio Jovem Pan

Trabalho sobre o jornalismo da Rádio Jovem Pan

Vou colocar "os melhores momentos" do trabalho que desenvolvi sobre o Jornal da Manhã, programa jornalístico realizado pela Jovem Pan.

INTRODUÇÃO

“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo

Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer

Porque eu sou do tamanho do que vejo

E não do tamanho da minha altura.”

Fernando Pessoa



A megalópole paulistana já há muito deixou de ser uma aldeia.

Ou talvez seja, justamente, a conjunção de centenas, milhares de aldeias, cada uma com suas singularidades, mas que se pluralizam, devido aos seus inter-relacionamentos contínuos, de suas alegrias e agruras cotidianas.

Para enxergá-la bem, é preciso ter olhos que vejam o seu micro-cosmo – cada pequena aldeinha e cada indivíduo que a forma -, e igualmente, o todo e as suas associações contidas num espaço cada vez maior, o macro-cosmo.

Para enxergá-la bem mesmo, em seu interior e exterior, talvez seja preciso recorrer a outro de nossos sentidos, como a audição, o ouvir.

Escutá-la e trazer a sua miríade de vozes, consonantes ou dissonantes, mas sempre importantes, para quantos ouvidos puderem sintonizá-las.

Tecer assim, uma teia, onde conhecemos e somos conhecidos.

Conhecemos melhor, através da comunicação, a comum ação, nossa aldeia, nossa cidade, nosso mundo.

E por conhecê-lo melhor, podemos atuar nele aperfeiçoando pensamentos e atitudes, fazendo assim, de cada aldeia, de cada mundo, um lugar melhor.

O Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, atua como mediador entre o indivíduo, a sociedade e as administrações públicas.

É um espaço para o exercício da cidadania.

Contribui para um mundo melhor através do seu trabalho, sua missão de informar com credibilidade e prestar serviços à população, formando opinião com responsabilidade e discernimento.

Criando laços de parceria com o ouvinte, como a um amigo que se quer estar sempre junto, no trabalho, em casa, no trânsito, no passeio ou nos caminhos entre um e outro desses lugares.

Um trabalho árduo, de formiguinha muitas vezes, como um repórter atrás de uma notícia, ou de águia, como o helicóptero que sobrevoa a cidade em busca de uma visão maior para auxiliar aqueles que estão lá embaixo.

De acordar cedo e dormir tarde, ou, às vezes, nem dormir.

De se informar e se enriquecer cultural e intelectualmente, para estender automaticamente estes benefícios a quem (ouvinte) lhe concede o sagrado ato de lhe ouvir, de lhe confiar a sua atenção.

Trabalho de expor pontos de vista certos e equivocados, para discuti-los, debatê-los e crescer, às vezes com a razão, às vezes com a falta dela.

As várias vozes do Jornal da Manhã, cúmplices de momentos que ficarão marcados para sempre na história do mundo e na de cada um, acompanham milhares de paulistas, paulistanos e brasileiros há 38 anos.

Neste período, crianças tornaram-se adultos,

Filhos tornaram-se pais, alguns até avós...

Estados tornaram-se nações, e nações deixaram de existir;

Muros quedaram-se como em Berlim e levantaram-se como na fronteira de Israel com a Cisjordânia;

A moeda (símbolo da troca) trocou muitas vezes de nome em nosso país, que também trocou seus valores, principalmente através da liberdade de expressão e de imprensa;

Cantores e artistas encantaram e divertiram, ofertando ludicidade à dureza do dia-a-dia.

Medicamentos e tratamentos foram criados, quem sabe para aproveitarmos mais de toda essa ludicidade...

O Homem, que já havia pisado na Lua, teve que voltar seus olhos para seu próprio habitat e talvez tenha aprendido que o “grande passo para a humanidade” talvez seja cuidar melhor de sua própria casa antes de sair a visitar as alheias...

O Jornal da Manhã, de sua casa, a cidade de São Paulo, fala para cada vez mais pessoas no país e no mundo, pela comunicação através da Internet, a rede que faz o papel de interligar todos a tudo, o tempo todo, unindo continentes.

E a Jovem Pan, no matrimônio perfeito da tradição com a modernidade, vive junto essa união, exatamente do tamanho da sua altura, quase como uma “Jovem PanGeia”.

terça-feira, 4 de maio de 2010

03 de Maio – Dia Internacional da Liberdade de Imprensa

É claro que, devido a momentos sombrios da história humana, quando o natural direito de se comunicar esteve cerceado, 03 de maio é uma data a ser muito comemorada.

Mas também não deixa de ser incrível que tenhamos que festejar algo tão intrínseco e inerente a todo ser humano: a capacidade de pensar, sentir e expressar individualmente sua impressão do mundo e da vida, assim como não precisamos celebrar o ar, a chuva ou os raios do sol, fenômenos que, às vezes nem notamos, de tão frequentes e naturais.

Teorias de conspirações à parte, por mais que hoje tenhamos um sem número de interesses políticos e/ou comerciais sempre a espreita, quando não no interior de todo o panteão jornalístico, é inegável que vivemos em um tempo em que exercemos de maneira efetiva, nossa liberdade de expressão.

A ponto de parecer absurdamente esdrúxula a ideia de não tê-la.

Como alguém pode pensar em proibir outro alguém de falar, de cantar, de compor, de dançar, etc.?

Como alguém pode prender, torturar e até matar, extinguir da existência, um outro alguém porque este pensa diferente do status quo, e comunica essa diferença àqueles que também são diferentes já em seu íntimo e por isso o ouvem, o leem, o assistem?

Em nome do que?

Do poder?

Do dinheiro?

É como se a Idade Média, conhecida como Idade das Trevas, se manifestasse em outras épocas, além daquela em que recebeu a referida alcunha.

A Ditadura brasileira (e outras mundo afora) foi uma dessas manifestações.

A Censura foi uma forma de escuridão.

Coincidentemente – a não ser que tenha sido obra de algum jornalista extremamente ardiloso -, no dia 03 de maio também comemora-se o Dia Internacional do Sol, o doador máximo da Luz.

Sim, não é maluquice de algum político brasileiro qualquer que não tenha trabalho melhor a fazer.

É data internacional, como disse uma amiga, porque nasce pra todos...

Que o Sol da Liberdade então, ilumine a todos, inclusive, a Imprensa.

Entrevista com José Armando Vanucci, Rádio Jovem Pan

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Motivação de Senna

Lendo um dos volumes do livro “O melhor do Roda Viva”, programa de entrevistas da TV Cultura que vai ao ar desde 1986.

De cara, na primeira entrevista, uma pérola sobre motivação, do piloto Ayrton Senna (entrevista concedida antes de conquistar seu primeiro título da categoria).

Sobre seu período de treinamento físico antes da temporada, em que necessitava correr de 7 a 8 quilômetros por dia e, chegando na metade do percurso “já estava pedindo água”, Ayrton destaca que o elemento psicológico que o impulsionava a seguir em frente, era a lembrança de que tinha uma equipe de até 300 pessoas trabalhando para ele em seu carro, e que haveria uma hora que todo o trabalho despendido por essa equipe dependeria do seu desempenho, daí a importância da qualidade de sua preparação.

O Trabalho, de Khalil Gibran (atrasado do dia primeiro...)

Vós trabalhais a fim de acompanhardes o ritmo da terra e de sua alma.

Pois, ao permanecerdes ociosos, vós vos converteis em estranhos dentro das estações, e desviai-vos da procissão da Vida, a qual marcha com excelência e altivez rumo ao infinito.

Quando trabalhais, vós sois uma flauta; por meio de cujo coração o sussurro das horas transforma-se em música.

Quem dentre vós gostaríeis de ser um bambu, embotado e sem som, quando todos mais cantam juntos em uníssono?

Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição, e o labor um infortúnio.

Mas eu vos digo que quando trabalhais, vós realizais uma porção do sonho derradeiro da Vida, a qual vos foi incumbida quando este sonho nasceu,

E ao ocuparde-vos com o labor, estais de fato amando a Vida,

E amar a Vida através do Trabalho é familiarizar-se com seu segredo mais íntimo.

Porém, se em vosso sofrimento chamardes ao nascimento uma aflição, e ao suporte de vossa carne uma maldição inscrita em vossa fronte, então eu vos digo que o suor de vossa fronte apagará o que está inscrito.

Foi-vos dito também que a Vida é feita de trevas, e em vossa fadiga vós repetis o que vos foi dito pelos fatigados.

E eu vos digo que a Vida de fato é feita de trevas,

salvo quando há Vontade,

E toda Vontade é irracional,

salvo quando há Sabedoria,

E toda Sabedoria é vã,

salvo quando há Trabalho,

E todo Trabalho é vazio,

salvo quando há Amor;

E quando vós trabalhais com Amor, vós vos ligais a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus.

E o que é trabalhar com Amor?

É tecerdes a roupa com fios extraídos de vosso Coração,

como se a pessoa amada fosse usá-la.

É construirdes uma casa com afeição,

como se a pessoa amada fosse ali habitar.

É plantardes as sementes com ternura e regardes a colheita com alegria,

como se a pessoa amada fosse colher dos frutos.

É infundirdes em tudo que fazeis um alento de vosso próprio espírito.

Com freqüência tenho vos ouvido dizer, como se falásseis dormindo....” aquele que torneia o mármore e encontra a forma de sua própria alma na pedra, é homem mais nobre do que aquele que lavra o solo...”

...e aquele que apreende o arco-íris, a fim de estampá-lo sobre um tecido com as formas do homem, é melhor do que aquele que faz as sandálias para nossos pés...”

Mas eu vos digo, não em sono, mas na plena vigilância do meio-dia, que o Vento não fala mais amavelmente ao gigantesco carvalho do que a mais ínfima folha de relva;

E é dileto apenas aquele que, por meio do seu próprio Amor, transforma a voz do Vento em uma Canção ainda mais amável.


O Trabalho é o Amor feito visível.


E se vós sois incapazes de trabalhar com Amor, e só o fazeis com desgosto, é melhor que abandoneis vosso Trabalho e sentai-vos à entrada do Templo, pedindo esmolas àqueles que trabalham com Alegria.

Pois, se vós assais o Pão com indiferença,

vós assais um pão amargo, que saciará apenas metade da fome do homem.

E se vós espremeis as uvas com má vontade,

vossa má vontade destila um veneno no Vinho.

E se vós cantais como os Anjos, e não amais vosso Cantar,

vós tapais os ouvidos do Homem para as vozes do Dia e para as vozes da Noite.

domingo, 2 de maio de 2010

Entrevista cantora Flávia Wenceslau

Flavia Wenceslau generosamente concedeu ao TudoZen esta entrevista , numa madrugada, em meio às gravações de seu terceiro cd, Saia de Retalho, que será lançado em 2010.

Os anteriores, Agora e Quase Primavera, se destacaram no cenário musical pela autenticidade e magnetismo de suas letras e de sua interpretação.

Cantando com o coração vibrante músicas que expressam suas emoções, vivências e sentimentos, sua voz vai ecoando em um número cada vez maior de fãs e admiradores.

Conheça, então, um pouco dessa “Paraibana Universal”, verdadeira força da natureza em forma de música!

TZ: Você tem ligação com alguma forma de religiosidade, alguma filosofia de auto-conhecimento?

FW: Eu sou espírita, sempre tive uma busca espiritual.
Meu pai era evangélico, então na infância eu já recebi dele uma orientação no sentido de buscar algo maior, que dê sentido às nossas emoções e existência. Na adolescência, frequentei algum tempo o centro espírita kardecista, o que me fez muito bem na época, e hoje em dia faço parte de um centro espírita beneficente que se chama União do Vegetal.

TZ: O que você guarda de lembranças e aprendizado de suas apresentações em bares e restaurantes?

FW: O aprendizado importante é saber lidar com o público, com gostos diferentes, aprendi a cantar muita coisa difícil em termos de ritmos e divisões melódicas, o repertório tinha de tudo, então acredito que alguma técnica eu tenha conseguido no exercício de cantar de tudo um pouco; aprendi cantar pra ninguém e pra muita gente com a mesma perseverança e emoção, e outras coisas que contribuíram bem para o meu crescimento e descoberta daquilo que eu quero e gosto realmente de cantar hoje em dia.

TZ: Quando e como você descobriu que era uma cantora e compositora?

FW: Meu pai era músico e me incentivou muito, principalmente na infância, que foi a época onde tivemos mais contato de convivência; e meu irmão mais velho cantava em uma banda que foi onde comecei profissionalmente com 13, 14 anos.
Já compor, eu comecei depois de adulta, a partir da necessidade de expressar a minha maneira de sentir os acontecimentos da minha vida, as pedras do caminho, as alegrias, as minhas esperanças e sonhos, nunca tive pretensão de ser chamada de compositora; fiquei muito insegura de gravar meu primeiro disco com as minhas canções, achava que talvez não fosse dar muito ibope, porque eu escrevo muito sobre o que acontece comigo e hoje em dia descubro que as histórias de todas as pessoas às vezes são muito parecidas, nos nossos anseios e buscas, somos uma só humanidade, moramos em um só planeta e acredito que em algum nível de consciência somos um, embora ainda não estejamos nessa plenitude e embora as coisas e pessoas ainda sejam tão diferentes.

TZ: Quais foram e quais são suas maiores influências musicais ? e de vida?

Fw: Eu sou paraibana, então meus primeiros referenciais são os artistas que eu tive oportunidade de conhecer o trabalho na adolescência, quando faziam shows na Paraíba, como Zé Ramalho, um artista que admiro e me emocionou profundamente com a força da história dele, Elba Ramalho, Marinês, Maria Bethânia, Marisa Monte, Belchior, música boa brasileira de uma forma geral é meu referencial profissionalmente.
E de vida, eu cito meu pai, um homem que era muito sincero naquilo em que acreditava, correto, trabalhador e desapegado de ostentações banais.

TZ: Como é o seu dia a dia...é inteiramente dedicado à música?

FW:Quando não estou viajando, cuido das coisas de casa, pago contas, arrumo meu quarto, levo o carro pra lavar, vou ao mercado, chamo o cara que conserta a antena, visito amigos, faço as coisas simples que todo mundo faz mesmo, sou muito caseira, então, entre uma coisa e outra é que paro pra me concentrar e escrever, mas não é todo dia que escrevo, eu espero sentir saudade do violão, sentir necessidade de silenciar pra poder produzir alguma coisa que sirva sinceramente e que venha do meu coração.
TZ: Como está seu planejamento para 2010?

FW: O Cd novo está ficando pronto, com algumas participações especiais e em fevereiro começamos os shows de lançamento pelo Brasil, quero fazer um DVD também esse ano.

TZ: O que você faz pela Paz?

FW: Eu procuro ser uma pessoa de Paz, cultivar em mim a mansidão, a flexibilidade, pra não achar que só meu jeito de viver é o jeito certo, pois ele é certo pra mim, não é obrigado ser pra todo mundo e estando em paz é mais fácil convencer alguém a ficar em paz também.

TZ: O que é ser Zen pra você?

Fw: Ser zen pra mim é conseguir ter equilíbrio emocional e viver a vida dando valor ao que realmente tem valor, enfrentar os desafios tendo esperança de que vale a pena lutar por aquilo que é certo.

TZ: O que é a Vida?

FW: No meu sentimento é uma oportunidade de evolução dada ao homem.

TZ: O que é o Amor?

FW: É a força criadora de todas as coisas benéficas ao ser humano, que se manifesta através da natureza, da água, do fogo, do ar, do sol , é o movimento, é a vida!

TZ: O que te faz Feliz?

FV: Olhar pra trás e ver tudo que já passei, sem corromper o meu sonho de cantar as coisas que elevem meu pensamento e o das pessoas que me ouvem, ver que estou escrevendo minha história e que tenho amigos tão bons que escrevem junto comigo, ter na minha família pessoas especiais, com quem posso contar no caminho, isso me faz feliz, me dá esperança.

TZ: Como é seu processo de composição? Tem um método, uma disciplina, ou é pura inspiração?

FW: Eu escrevo a partir dos sentimentos, seja de tristeza, alegria, saudade, esperança,
baseada em acontecimentos da vida, conclusões, aprendizados, sempre é a partir de algo que senti ou pra alguém ouvir, ou por alguma situação, das vezes que eu não estava sentindo necessidade de escrever e fui tentar escrever pela obrigação de compor, não funcionou de jeito nenhum!
Então penso que meu processo de criação é deixar fluir, sem me preocupar em ter uma obra de trezentas músicas que só cresce, e sim viver as emoções, confiar que a fonte da inspiração não seca, e que enquanto eu não me preocupar com quantidade
nem me envaidecer daquilo que escrevo,sempre vou ter algo bom e alegre a dizer
e cantar .

TZ: Você pode nos falar um pouco sobre a história de algumas músicas suas? O que a levou a compor...como veio a inspiração

Fw:
Passarinho Me Leve:

Na minha varanda morava um passarinho, no lugar da lâmpada (no buraco que tem quando não tem bocal) e eu adorava que ele morasse lá; e uma vez meu irmão Levi expulsou o passarinho de lá porque ele fazia muito barulho.
Tempos depois Levi sofreu um acidente que o deixou tetraplégico, e quando voltou do Hospital ficou em um quarto junto a varanda, e o passarinho voltou pro mesmo lugar, mas ele não podia mais expulsá-lo de lá, então em tom de brincadeira claro, falei que o passarinho tinha voltado por isso,ele sorriu e apesar de tudo o dia estava bonito, sentei perto da cama dele fiz essa música.

Pé de Alegria:
Essa canção eu fiz após superar uma desilusão amorosa e voltar a sonhar novamente com o amor, o amor que eu pudesse realmente dizer “é claro que te quero aonde eu for”.

Boa Sorte:
Essa canção eu fiz pra uma amiga chamada Liz, que é estudante e sempre viajava da Paraíba para o Ceará onde nasceu, e em uma de suas viagens, eu compus pra mostrá-la quando retornasse.

Canção de Esperança:
Fiz essa canção no período em que meu irmão estava na UTI, fiz em casa mesmo, num momento de dor e ao mesmo tempo, um momento de um conforto que simplesmente chega no vento...

Segredos do Mar:
Eu conheci o mar com 16 anos, desde menina tinha muita vontade de conhecer o mar e morava no interior que nem era tão longe do litoral, mas as condições eram diferentes.
Então, com o tempo, fui morar na capital pertinho da praia, e sempre senti essa aproximação com o mar, esse sentimento de liberdade quando olho o mar.
Compus essa canção comparando o mar com a nossa vida, às vezes existem situações que acontecem sem nos avisar, quando percebemos estamos em meio ao temporal e ventania, e é preciso aprender a navegar, esperar o mar acalmar, muitas vezes voltar à beira da praia e recomeçar, tentar outra vez sem garantias de nada, como se todo o nosso tesouro fosse mesmo "a parte que em meu coração se resguardou", ou seja, mais do que a vitória em si, o tesouro é a nossa coragem de ir, de enfrentar, sem saber se vamos conseguir ou não.

Nossos agradecimentos a Flávia Venceslau pela atenção e disponibilidade.
Entrevista concedida a Carlos Alberto Durães.
Contatos com Flávia Wenceslau
e-mail: contato@flaviawenceslau.com.br
http: www.flaviawenceslau.com.br

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O dinheiro é deles

Claro que não seria uma decisão fácil, outras “trocentas” mil pessoas iam chiar, por já terem apostado na mega sena acumulada da próxima quarta-feira, nunca teríamos cem por cento de adesão, mas....seria um ótimo exercício de cidadania e de humanismo, a nação se colocar no lugar do pessoal de Novo Hamburgo-RS - que efetivamente ganhou o jogo, acertando os seis números, mas que tiveram a surpresa quase inverossímil de não ter tido seu jogo registrado, ou por uma falha humana ou por uma estelionato – e abrir mão da possibilidade de ganhar um prêmio acumulado, outorgando aos devidos ganhadores seus valores autenticamente ganhos, moralmente (no bom sentido desta castigada palavra) ganhos.


A utopia, no mínimo, renderia um ótimo debate.

Na minha modesta opinião, esse dinheiro já tem seus legítimos donos e sem rogar praga, talvez não faça tão bem aos seus possíveis outros ganhadores como faria o cumprimento de uma ação ética e humana.

Provaríamos que não só a Nação, mas o mundo ainda é capaz de surpreender positivamente, mesmo quando isso parece impossível.

Sinto mesmo que qualquer um de nós estará “roubando” de certa maneira os verdadeiros vencedores.

Talvez eu esteja sonhando acordado, mas vejo apenas uma oportunidade de ouro – possível e concreta - de uma redenção não divina, mas terrena, dando ao semelhante o que é do semelhante, também, me permitam, não no caráter religioso e sim, no caráter efetivamente humano, de estarmos todos ainda que distraídos, compartilhando da mesma Terra.

Como uma coisa leva à outra também sugiro este link, sobre uma frase pichada em um muro de Montevidéu: “O Patriotismo é um egoísmo em massa”.

http://revistatpm.uol.com.br/blogs/nosares

Repassar aos ganhadores o que o destino natural lhes reservou, seria um ótimo antídoto e assim poderíamos pichar: “O Humanismo é um altruísmo em massa”.

Mais uma Charge genial do Dálcio do Correio Popular, de Campinas

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ecologia e Política

Recomendo a leitura de artigo do filósofo Leonardo Boff que li no blog do Luiz Nassif.

Bem objetivamente, ele cita dados concretos de natureza ecológica que estão intimamente ligados às formas de fazer política e de viver, da população brasileira e mundial.

Dando uma olhada em alguns comentários da matéria que foram postados, é interessante notar como parece que Boff não é compreendido.

Para algumas pessoas, aquecimento global e tudo o que se refere a ecologia em geral ainda é visto como uma fantasia, um conto de fadas, uma conversa meio hippie que não tem relação nenhuma com o dia-a-dia, com a realidade do mundo.

Acabei de ver o filme "Gandhi" e lembrei de seus momentos de tristeza por não ver sua mensagem de não-violência devidamente compreendida.

Me parece que custa bem caro essa nossa dificuldade de escutar e assimilar, de dar importãncia às mensagens que chegam através de grandes homens, homens que não trabalham pra seu egoísmo e suas questões individuais, mas estão ou estiveram inteiramente dedicados a pensar e agir em nome da coletividade, da pátria-planeta.

O link do artigo:
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/02/19/a-pauta-de-leonardo-boff/

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Zonas Úmidas

Gandhi certa vez foi procurado por uma mãe que levou o filhinho consigo, e lhe pediu:

- Gandhi, este menino come muito açúcar. Já tentei de tudo e não consigo que ele pare com isso. Como ele gosta muito de você, com certeza irá obedecê-lo. Por favor, peça para que ele pare de comer açúcar!

Gandhi pediu àquela mãe que voltasse uns 15 dias depois.

Tempo decorrido a mãe o procura novamente e Gandhi olha o menino com bastante atenção e diz:

- Pare de comer açúcar!

O menino baixou a cabeça, mas fez sinal de que iria obedecer.

A mãe não entendeu nada daquilo e perguntou, super intrigada:

- Gandhi, por que você não falou isso há 15 dias atrás?

- É que há 15 dias atrás eu também comia açúcar!

Reproduzo a história acima para me policiar e não sair por aí fazendo um papel de eco-chato e, pior ainda, um eco-chato da boca pra fora.

Mas li sobre o dia mundial das zonas úmidas - comemorado dia 02 de fevereiro, mesmo dia de Yemanjá, por coincidência (?) – e realmente fico impressionado como tudo, todos nossos atos estão conectados com o tudo o que acontece na natureza.

Não somos culpados tampouco inocentes.

Mas somos responsáveis por nossas atitudes, que estão, obviamente, interligadas com as atitudes daqueles com quem temos contato.

Podemos nos deixar influenciar por atitudes positivas, e em decorrência disso, influenciar outras, e assim por diante, produzindo uma cadeia de ações que certamente desencadearão outras influências e ações similares.

Abaixo, como sugestão, o link do site Mundo Verde, onde li sobre o dia, noticiado também pela ONG WWF.

http://mundoverde.com.br/blog/2010/02/03/conheca-e-preserve-as-areas-umidas/

É uma boa semente.

Milagres do Haiti

Tragédias podem ser pessoais ou coletivas.

Ambas advém de fenômenos naturais, sejam provenientes das profundezas da terra em que pisamos e criamos a divina comédia e drama humano, ou dos mecanismos invisíveis que governam a própria existência e a vida, entre eles, sua antítese (ou complemento), a morte.

O mundo acaba muitas vezes para cada um de nós.

Num trauma instalado na infância, numa violência sofrida, no fim de um relacionamento, na morte de um ente/amigo querido e tantas outras mazelas.

Não sei de quem é a frase: “A dor é inevitável, o sofrimento, optativo.”.

Há quem seja derrotado e deixe sucumbir sua trajetória evolutiva e há quem, após um mergulho profundo na dor, a absorve, cicatriza e transforma em combustível para uma nova etapa na jornada, melhor e mais rica que a anterior.

Por mais que estejamos, em maior ou menor escala, um tanto anestesiados em sentir a dor do outro (ou por uma parcela de egoísmo, ou por mera falta de tempo ou pelo excesso de informações que chegam através dos veículos de mídia), tragédias em que um número muito grande de pessoas é vítimas ainda chocam, ainda nos permitem ligarmo-nos ao outro, mesmo distante geograficamente, provocando uma sensação de compaixão, uma vontade/necessidade de ajudar, seja em recursos financeiros e materiais, seja simplesmente em forma de oração.

Apesar de todo o stress da modernidade e de um sem-número de distrações supérfluas em que estamos inseridos, essa compaixão mostra que ainda estamos acordados, que ainda somos uma humanidade.

É impossível não nos surpreendermos com alguns fatos positivos e até mesmo, alguns Milagres, que se manifestaram em meio aos destroços causados pelo terremoto no Haiti.

Especialistas sempre dizem que o máximo que uma pessoa poderia suportar, em condições extremas como essa, seria um tempo variável de 3 a 4 dias.

No entanto, uma semana depois do violento tremor, uma semana embaixo dos escombros, foram resgatadas com vivas uma senhora de 69 anos de idade e uma criança, recém-nascida, de vinte e poucos dias de vida.

Alguns jornais mais ousados chamaram isso de pequeno...milagre.

Pequeno???

Uma criança, de vinte e poucos dias de vida, com pouco ar, sem o leite da mãe e nenhuma alimentação substituta, sem água, sozinha, sem nenhuma ajuda, resistir uma semana?

Lembrei-me da adolescente francesa de doze anos que, em julho de 2009, foi a única sobrevivente da queda de um avião que viajava de Paris para as Ilhas Comores. Cento e cinqüenta e três pessoas morreram e ela, apenas ela, escapou.

A Existência vai assim, em meio a toda a racionalidade, salpicando o cotidiano de milagres (de vários tamanhos...) e nós, se estivermos distraídos, não os percebemos, não os reconhecemos.

Às vezes parece que esses Milagres, tal sua magnitude, são direcionados àqueles que são mais céticos.

Aos mais “crentes” em algo superior, mais românticos talvez, bastaria os exemplos de pequenos milagres cotidianos, que acontecem com todos a todo instante, ou milagres de envergadura um pouco maior, como vivermos todos em um planeta-bola absolutamente solto no espaço, sem nenhum cordãozinho pra segurar!!!

Afinal, mesmo sendo explicável pela ciência...isso também não é um Milagre?

Obs: texto escrito antes de serem encontrados sobreviventes 15 dias após o terremoto ter acontecido. O que só reforça o mesmo.

A Charge é do Dalcio, do jornal Correio Popular, de Campinas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Dia de Yemanjá

 


Uma das Mães mais cultuadas no Brasil, em seguidores ou não, das religiões afro-brasileiras.
Uma das inúmeras manifestações da Mãe Divina, a Rainha do Mar, diz a lenda, gosta de presentes.
Que ela possa aceitar presentes que não poluam o seu habitat sagrado.
Presentes em forma de orações, de silêncio, de cantos e devoção.

"Jangadeiro em 2 de fevereiro, pega o salgueiro e se atira ao Mar...levando flores e pedras brilhantes, para Janaína, filha de Yemanjá..."

 

 

Lá vem o Sol...

Hammerfest é uma comuna, cidade-porto da Noruega, com 9.157 habitantes, a 480 km do Círculo Pólar Ártico.


Nesta cidade, o Sol não se põe de Maio a Setembro e não aparece de 18 de Novembro a 1 de Fevereiro.

Então hoje é o úlitmo dia sem Sol na cidade em quase 3 meses!!!

Acho que amanhã a balada vai bombar em Hammerfest!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um conto Luso-Brasileiro

Como torcedor da Lusa, uma das coisas que pensei assim que soube que estava grávido de um menino, foi em levá-lo comigo aos jogos no Canindé, repetindo o melhor passeio que meu falecido pai me proporcionara na minha infância.

Meu velho me uniformizara inteiro e me colocava para entrar em campo, como mascote, junto com os jogadores, sensação de prazer indescritível (mesmo para um estudante de jornalismo, com o trabalho de descrever as coisas...).

Quando o filhote - e os desafios da paternidade – foram crescendo proporcionalmente, comecei a refletir sobre o real valor dessa “herança” que já ia colocar em seu caminho, sem que ele tivesse a possibilidade de aquiescer conscientemente essa escolha externa ou de negá-la, preservando uma das características mais inatas dos filhos em geral: a rebeldia.

Precisei então, fazer uma contemplação do que era exatamente, ser um torcedor da Lusa, para poder eu, sim, conscientemente, tentar fazer essa escolha por ele.

Me dei conta que eu, totalmente conformado e ciente do folclore que se tornou ter essa identidade de torcedor lusitano, torcerei por esse time até findar meus dias. Mas também percebi que não gostaria de instalar um cabedal de tanto sofrimento no meu amado.

Diante de algumas circunstâncias específicas, como o fato da irmã e namorado da mãe serem corintianos (única liberdade que não quero lhe conceder...) comecei a fazer um lobby para ele se tornar são-paulino, me baseando em seu gosto pela figura do Rogério Ceni e no fato deste ser o time da mãe, além do repertório vencedor deste clube.

Tudo vai bem nesta empreitada, mas tivemos um capítulo especial quando do primeiro jogo do campeonato paulista, quando se enfrentaram lusa e tricolor.

Como ele pediu muito, o levei ao Morumbi, e óbvio que ele quis ficar na torcida do São Paulo, uma vitória para meu lobby, mas uma sensação estranhíssima de estar o jogo inteiro num lugar que não é meu.

Quando o Fábio defendeu o pênalti cobrado pelo Rogério, quase pulei, em perfeito eco e ressonância com meu verdadeiro “povo”, que exultava de alegria no outro lado das arquibancadas.

Ao final do primeiro tempo, fora a sensação de estranheza, tudo “ia bem”, o São Paulo ganhando, meu filho feliz, eu feliz de estar proporcionando uma vontade dele, e uma derrota para meu time que era previsível e perfeitamente contornável para o decorrer da competição.

No entanto, no segundo tempo, outras estranhezas esperavam a vez de me sobressaltar.

Eis que a Lusa começa pressionando, um, dois, três escanteios a seu favor e de repente, empate!

Meus amigos “sofredores”, mas, incorruptivelmente fiéis, geograficamente (mas não internamente) separados de mim pela vontade paterna de fazer o melhor, pulando, comemorando e eu fazendo o mesmo (tb internamente...).

Um empate deixaria tudo em harmonia.
Eu e meu filhão, felizes.

Mas era dia da surpresa.

A lusa continua jogando bem, encarando de igual para igual um adversário tecnicamente superior, atacando mais, e fruto disso, vira o jogo, 2x1 !!!

Estranheza...pelo placar...pela briga íntima de querer gritar gol e estar completamente impossibilitado disso - instinto versus sobrevivência -, e o elemento novo de perceber uma certa frustração com o resultado em meu rebento ao lado.

Se fosse um dia normal, o São Paulo pelo menos empataria a partida e tudo então voltaria...ao normal...eu meu filho felizes e coisa e tal.

Mas era um raro dia de combinação entre competência do time e sorte, e o Dagoberto arrumou uma expulsão que foi vital para o triunfo rubro-verde.

Neste momento eu já não sabia se torcia (mas torcia...) pra Lusa segurar a vitória, ou se torcia pro São Paulo empatar, pro meu filho voltar a sorrir.

Quando o Hevérton, em dia de gala, fez 3x1, não só decretou a vitória heróica da Lusa, como também meu passaporte para meu Céu e Inferno interior.

A minha torcida, pulava, mas PULAVA, assim mesmo, em letras maiúsculas.
E meu filho murcho, murcho, triste mesmo pela derrota do seu time.

Talvez ele goste um pouco mais da Lusa, por vê-la jogar bem
Talvez goste menos ainda, por ter imposto uma derrota ao seu time.

Talvez eu esteja fazendo o certo, talvez o errado, talvez, talvez; no meio dessa gangorra emocional entre heranças e responsabilidades paternas, só uma certeza, no título de uma música cantada por...Roberto Leal:

“Que bela a Vida”!