Cem anos atrás, no dia 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, aos 69 anos de idade, morria uma parte daquele que é considerado por muitos críticos e intelectuais, o maior escritor brasileiro da história.
Uma parte porque, de efêmero, a única coisa que podemos encontrar em Machado de Assis, é o seu mote humano, seu corpo.
Já o legado de suas obras, esse jamais fenecerá, bem pelo contrário, à medida que a marcha do tempo avança indelével sobre as gerações, ainda mais vivo, estudado e admirado se torna.
Os traços característicos da literatura de Machado, como a observação psicológica dos personagens, as contradições entre seus sentimentos e pensamentos, a complexidade da interação desses aspectos no comportamento do homem moderno de sua época, conquistam em nosso país e em várias partes do mundo cada vez mais reconhecimento.
Segundo João Elias Nery, professor e coordenador do curso de jornalismo da UniRadial, “A crítica e os apreciadores da alta literatura não se cansam de encontrar em Machado novas formas de diversão e de interpretação da realidade e da alma humana”.
As homenagens para lembrar o centenário da morte de Machado de Assis ganharam um caráter oficial do Senado federal, que instituiu o ano de 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis.
Museu da Língua Portuguesa
Em São Paulo, a principal homenagem ficará à disposição do público até 01 de março de 2009: a exposição “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério”, que está sendo realizada no Museu da Língua Portuguesa, e que até o início de novembro já recebeu mais de 180.000 visitantes.
Num formato multimídia, lá encontramos pérolas como alguns manuscritos de capítulos de seus livros, trechos narrados em áudio e vídeo, um mapa da cidade do Rio de Janeiro destacando os lugares freqüentados por Machado, uma carta de Joaquim Nabuco a José Veríssimo informando este último da morte do escritor; a nota de mil cruzados que circulou na segunda metade dos anos 80 com sua efígie e um painel gigante do seu cortejo fúnebre, que saiu da ABL carregado por figuras ilustres como Olavo Bilac, Rui Barbosa e Euclides da Cunha., entre outras relíquias.
Segundo o superintendente do Museu, Antonio Carlos Sartini, “O objetivo foi realizar uma Mostra leve, focada mais no lado crítico, irônico e bem humorado que o autor usa para refletir sobre o ser humano. Além da reflexão de intelectuais e das pesquisas acadêmicas, nós quisemos mostrar que sua obra também é extremamente acessível, divertida e está ao alcance de todos”.
ABL
Na Academia Brasileira de Letras, também chamada Casa de Machado de Assis, estão acontecendo desde o início do ano inúmeros eventos e celebrações que visam lembrar e fortalecer a importância da arte literária machadiana que nos foi deixada como valiosa herança.
Exposições sobre sua vida e obra, palestras, leituras, lançamentos, mostra de filmes adaptados de seus livros, enfim, diversas atividades organizadas para celebrar o talento do autor.
Talento esse, que com o passar do tempo, é cada vez mais reconhecido no exterior.
Machado Universal
No dia 12 de setembro do presente ano, o The New York Times, veiculou matéria de duas páginas sobre o escritor, noticiando uma homenagem que seria realizada na própria cidade de Nova York, batizada de: “Machado 21: A celebração de um centenário”, que ocorreu entre os dias 15 e 19 de setembro, que incluiria apresentação de poemas, discussões e seminários.
Homenagens e comemorações também aconteceram em Lisboa, Madri, Turim, Frankfurt e Barcelona, entre outras cidades do mundo.
Se Machado de Assis fosse escrever as suas memórias póstumas, talvez se surpreendesse com o fato de estar mais vivo e mais imortal do que nunca, cem anos depois de sua morte.