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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O leite da vaca é para o bezerro (acordando de um pesadelo)

Inspirado em texto da Doutora Sonia T. Felipe, sobre, entre outras atrocidades, como é a vida de uma vaca leiteira:


(http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=2421&Itemid=103)


Tive um pesadelo terrível.

Em um mundo paralelo, uma outra Matrix...animais superiores “criavam” – que uso indevido de tão bela palavra - seres humanos.

As mulheres eram, logo que possível, inseminadas artificialmente para emprenharem.

Dessa forma, os “superiores” provocavam sua lactação, e, assim, poderiam extrair o leite para a sua alimentação.

A ciência desses seres dominantes acreditava que este alimento era absolutamente imprescindível para o desenvolvimento e nutrição dos seus.

Aqueles que desconheciam detalhes científicos, agradeciam apenas, aos seus Deuses, por existirem seres inferiores, que tinham como única e específica razão de existir, proporcionarem este alimento a eles, mesmo que através de intensa escravização e violação.

O pesadelo continuava...

Logo após nascerem e usufruírem da primeira mamada, seus filhotes eram retirados de suas mães e colocados em compartimentos de modo que não conseguissem mexer nem o pescoço.

Pela falta de alimentação e subnutrição induzida, estes filhotes ficavam com a carne macia e branquinha (parecida com nossa vitela...), ideal para o gosto de alguns requintados consumidores.

Enquanto isso, as mulheres não entendiam...onde estariam seus filhos? O que teria acontecido? Nunca mais os viram nem sentiram seus seios serem sugados por aqueles a quem gestaram por nove longos meses.

Bem, dessa saudade elas não poderiam reclamar, pois máquinas sugariam todo o seu leite, inclusive aquele adicional induzido pela ingestão de poderosos hormônios...

Quando enfim, a produção praticamente se esvaía, a superior inteligência dos dominantes a compensariam com outra inseminação...

Logo estariam prenhas novamente gerando outros filhotes...

Logo sentiriam novamente seus próprios filhos sugando seu leite, pelo menos por um dia...

E assim que estes sumissem, desaparecessem, lá estaria a máquina para saciar a saudade da mãe a ser sugada...

No pesadelo...eu escutava uma voz, triste, embargada, angustiada mesmo:

“Meu filho...cadê meu filho....meu filhote, onde está você? O que fizeram com você...?”

Ainda bem que os superiores tinham muitos remédios e substâncias para injetarem na mulher, a fim de se amenizar sua depressão, o que poderia debilitar a produção do leite...

Após algumas repetições do processo, extenuadas, física e emocionalmente por sucessivas bem-sucedidas produções....as mulheres não agüentavam mais.

Era incrível a fragilidade destes seres, por mais bem tratadas que fossem, com a mais alta tecnologia a seu serviço...

Os superiores então – só agora, claro - as sacrificavamm...

E em seus últimos suspiros me faziam ouvir aquela voz...cada vez mais pálida...

“Filhos, meus filhos...onde estão vocês...venham com sua mãe....”

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Dentro ainda do pesadelo....acordo...um tanto assustado...

Vou para a cozinha e sonambulamente, abro a porta da geladeira...nem percebo sua luz...

Bebo um copo de leite....hum.....

“Agora posso voltar a dormir tranqüilo...(!?!)”