Do protagonista:
“A vida por si só, tediosa e repetitiva, se torna...na falta
da fantasia, um espetáculo mortal”.
Um homem cuja existência foi praticamente anulada pela máfia,
ensimesmado, apático e fechado para o mundo – até como forma de proteger o que foi um dia sua
família -, capaz de controlar até seu vício (!), embora não consiga lograr o
mesmo êxito com a incorruptível cobradora de consciências, a insônia.
“Nunca devemos deixar de ter confiança no homem”, é uma frase
que sugere emergir de uma parte do caráter ainda imaculado, mas que torna-se
apenas uma armadilha verbal com intenções dúbias, se quisermos ser otimistas.
Proferida para marcar a preferência a contadores humanos na conferência de milhões
de cédulas de dólares, em detrimento de máquinas, que poderiam fazer o serviço
de forma mais rápida, e, talvez, mais confiável.
Mesmo quase desmoralizada, é uma frase forte, que ecoa ao
duelar contra a realidade em que está sendo dita.
Ao final do filme, quando está sendo conduzido por seus
carrascos – embora ele mesmo tenha se auto-conduzido ao seu destino – ouve-se
uma suave e doce melodia, totalmente contraposta à densidade crepuscular da
situação :
“Faz falta paixão, muita paciência; geleia de framboesa...e
um toque...de inconsciência...”
Belíssima receita de vida!
A rendição ao encantamento de uma bela mulher, destranca
todos os cadeados de seu aniquilamento e, ao mesmo tempo, o provoca, de forma
real e fatídica.
Quem já amou sabe, que...não se sobrevive ao amor; mas sem
ele, não chega-se nem a estar vivo.