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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Documentário: "Janela da Alma"

O documentário “Janela da Alma”, dos diretores João Jardim e Walter de Carvalho, coloca uma lente de aumento em distúrbios visuais diversos de 19 pessoas, para mostrar o que esses problemas acarretam em suas emoções e percepções do mundo e da vida de modo geral.

Sob este foco, nos revela muito mais do que simplesmente as limitações de quem possui algum tipo de deficiência e suas maneiras de aceitarem e superarem estes limites.

Indo muito além, suas câmeras captam, através dos relatos intercalados com imagens difusas e turvas, aspectos profundos da realidade física e emocional sentida e vivenciada por estas pessoas.

José Saramago, Wim Wenders, Marieta Severo e Hermeto Pascoal, entre outros, partilham com o espectador nuances de suas experiências e impressões obtidas através de uma sensibilidade extremamente aguçada, abrindo janelas e portas de uma compreensão maior a respeito do significado das imagens ou da falta delas.

Os depoimentos fazem com que nossos sentimentos sejam realmente tocados, nos levando a refletir sobre preconceitos, formas e ângulos de se olhar para algo. Apresentam ainda, uma visão crítica do bombardeio de imagens oferecido pelo mundo moderno, que levaria à pura dispersão, sem nenhum tipo de valor a não ser o de estimular o consumo, seja lá do que for.

Como diz Hermeto Pascoal num dos trechos do filme: “...é tanta coisa ruim que a gente vê, que atrapalha a visão certa, a visão das coisas que a gente quer fazer na vida".

Vale muito à pena dar uma espiada sim, e com muita atenção. No mínimo, vamos enxergar algumas coisas um pouco melhor.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

"O permanente e o provisório" De: Martha Medeiros

O casamento é permanente, o namoro é provisório.
O amor é permanente, a paixão é provisória.
Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.
Um endereço é permanente, uma estada é provisória.
A arte é permanente, a tendência é provisória.
De acordo? Nem eu. Um casamento que dura 20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação. O que eu fui ontem, anteontem, já é memória.

Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem pra agora, hoje é o meu dia, nenhum outro. Amor permanente... como a gente se agarra nesta ilusão. Pois se nem o amor pela gente mesmo resiste tanto tempo sem umas reavaliações. Por isso nos transformamos, temos sede de aprender, de nos melhorar, de deixar pra trás nossos imensuráveis erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o que fizemos achando que era certo e hoje condenamos.

O amor se infiltra dentro da nós, mas seguem todos em movimento: você, o amor da sua vida e o que vocês sentem. Tudo pulsando independentemente, e passíveis de se desgarrar um do outro. Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe – até que o tempo vire.

Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.



Martha Medeiros é uma jornalista e escritora brasileira. É colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro.


Estas belas e fortes palavras foram encaminhadas com muito carinho para este iniciante e modesto Blog por uma amiga/irmã, para sempre permanente no meu Ser.

Um beijo carinhoso Tânia

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sobre o perdão

Diante de uma situação particular, me vi prensado em dois: o cérebro e o coração.

O coração pedia que eu me desculpasse junto a alguém com quem cometi um erro.

O cérebro dizia jamais! Ela também errou....

E aí, se bobear, segue-se nisso a vida inteira...

O coração atiçou minha memória com 2, não, acho que com 3 lembranças destinadas a me impulsionar a cumprir meu acordo com ele (de o seguir....).

1) A guerra eterna entre judeus e palestinos. Muito ódio acumulado e alimentado mutuamente. Será que nunca um lado vai dar o primeiro passo e perdoar o outro? Nem que seja, por, digamos, malandragem, já que, se houver paz, menos sofrimento e mortes haverá, e, com isso, talvez o Tempo amenize o sentimento de vingança por tudo o que foi feito no passado por cada um dos povos.

2) Uma música, do Titãs, que perguntava: O que você faz pela Paz?

3) Uma frase de um Mestre, Prem Baba, que também questionava: “Você quer ter razão ou quer ser feliz?” (referindo-se as infindáveis brigas e causadas por questões simplesmente de diferença de pontos de vista ).

Depois de um tempo de “guerra interna”, consegui fazer a minha parte.

Parece mágica, mas toda a energia já mudou.

Se o cérebro tivesse ganho a pendenga, a guerra continuaria até sabe-se lá quando.

Como o Coração ganhou, posso hoje reconhecer que, não importa o erro do outro.
Para mim, importa o meu. Só posso consertar o meu.

Claro que vou esquecer isso uma hora e ser derrotado de novo.

Mas terei essa Vitória para me lembrar o Caminho.

Futebol

Impressionante o sentimento de rivalidade que se instala no torcedor. Hoje a Lusa joga com o Corinthians. Meu instinto grita que é melhor ganhar deles do que ser campeão...ou seja, goleada da víscera contra Descartes!!!!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Momentos Históricos

Hoje senti uma ponta de orgulho por viver num período do tempo que abriga tantos acontecimentos que ficarão marcados para sempre na história da humanidade.

Talvez seja um lado romântico, um lado de fantasia infanto-juvenil que aflora quando passo a notar que “puxa, estou fazendo parte da História da Humanidade”...

É como se estivesse inserido dentro dos livros que estudava na escola.

O que antes, só lia, decorava e esquecia....agora interajo, testemunho, opino.

Minha geração já viu o fim da ditadura no Brasil e a volta das eleições diretas, impeachmeant de presidente, o fim da guerra fria, o desmantelamento da poderosa União Soviética e a conseqüente transformação política de vários países do leste europeu.

A derrubada do Muro Berlim!

Hoje leio que Fidel Castro, por motivos de saúde renunciou ao poder em Cuba.
Não tenho condições ainda de fazer uma reflexão política do que representou Fidel e do que sua renúncia representará, para os cubanos e o mundo todo.

Neste momento só partilho a estupefação de estar vivo, acompanhando mais um capítulo histórico, que certamente entrará nas páginas de outros livros, que serão lidos por meu filho, meus netos, e por aí vai.

Isso não deixa de despertar em mim aquela sensação de dar uma espiadela fora do umbigo e ver: “Nossa, quanta coisa tem aqui fora!!!”, afinal, além de pagar minhas contas, ir para a faculdade, trabalhar, enfim, toda a dor e delícia do meu cotidiano, do meu universo particular, também faço parte de outros contextos (sociais, políticos, genéticos, religiosos, culturais, etc, etc. e muito etc...).

Tem coisas que parecem tão grandes!

Ou será que é tudo ilusão mesmo, somos só gás e poeira viajando pelo cosmos, partículas nanicas brincando de aprender a ser humanos?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Sobre o Big Brother

Vou fazer um exercício de honestidade comigo mesmo.

Nos últimos anos me juntei ao time dos críticos do programa, me baseando em diversas amostras de futilidade, de conteúdo vazio e de narcisismo e vaidade excessivamente exibidos no mesmo.

Lembro-me de ter me interessado bastante pela primeira edição e até ter gostado de muitas coisas, mas logo fiquei um tanto entediado com a mesmice dos assuntos (véspera de paredão é um horror!) e também incomodado com a linha da produção de estimular muito a sombra dos participantes, e o lado negativo de cada um, para gerar conflitos e as polêmicas tão endeusadas hoje em dia, como criadoras e mantenedores de audiência.

Já cheguei a brigar comigo mesmo por estar assistindo uma coisa que não gosto (sabe aquela pergunta: Mas, o que que eu estou fazendo aqui assistindo isso?").

Porém, na edição atual, acabei, por falta de opção e grana, assistindo algumas vezes, e me peguei gostando....até com um pouco de vergonha...?!?

Da mesma maneira que, quando criança, eu gostava de uma ou outra música do...(ai meu Deus...confessei..) Menudo, mas só ouvia escondido, porque imagina, eu, Homem (com 9,10 anos...kkkkkk) não posso gostar dessas músicas.
Mas gostava!

Agora também estou gostando de assistir ao BBB.

Senti que as pessoas realmente ficaram num clima de amizade melhor que das vezes anteriores; tem umas cenas que são muito engraçadas, por exemplo, o Rafinha sendo seduzido pela Natália ou Juliana e tentando se "proteger" com a foto da namorada e o Marcão dando risada....é impagável, me trouxe à tona meu lado moleque, de falar bobagem com os amigos, esse clima, enfim.

Resolvi então 2 coisas, talvez para me convencer de que, poxa, não tem nada de errado em gostar do BBB, pô!

Primeira: ver o lado positivo das situações e das pessoas, numa espécie de treinamento para as minhas próprias relações, ou seja, parar de ver só a coisa ruim, o lado ruim disso e daquilo e daquilo outro e enxergar o bom.

Segunda: me colocar na situação dos participantes. Porque é muito fácil sentado no sofá eu ficar julgando este ou aquele comportamento, e "achando" que eu faria diferente, que eu teria uma atitude melhor e coisa e tal.

De fora, nossas atitudes sempre são melhores, mas quando somos nós que estamos dentro de uma determinada situação, aí a coisa às vezes toma um rumo diferente.
De fora sempre resolvemos os problemas das pessoas e do mundo.
Mas de dentro das situações, envolvidos com as emoções múltiplas que emergem diante dos vários estímulos externos e as consequentes reações internas, somos capazes muitas vezes de ter um comportamento completamente diferente do que julgaríamos adequado.

É isso, um pequeno exorcismo num preconceito pseudo-intelectual.
Acho que o BBB vale, sim, como um espelho para todos nós.