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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Centenário da Morte de Machado de Assis

Cem anos atrás, no dia 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, aos 69 anos de idade, morria uma parte daquele que é considerado por muitos críticos e intelectuais, o maior escritor brasileiro da história.

Uma parte porque, de efêmero, a única coisa que podemos encontrar em Machado de Assis, é o seu mote humano, seu corpo.

Já o legado de suas obras, esse jamais fenecerá, bem pelo contrário, à medida que a marcha do tempo avança indelével sobre as gerações, ainda mais vivo, estudado e admirado se torna.

Os traços característicos da literatura de Machado, como a observação psicológica dos personagens, as contradições entre seus sentimentos e pensamentos, a complexidade da interação desses aspectos no comportamento do homem moderno de sua época, conquistam em nosso país e em várias partes do mundo cada vez mais reconhecimento.

Segundo João Elias Nery, professor e coordenador do curso de jornalismo da UniRadial, “A crítica e os apreciadores da alta literatura não se cansam de encontrar em Machado novas formas de diversão e de interpretação da realidade e da alma humana”.

As homenagens para lembrar o centenário da morte de Machado de Assis ganharam um caráter oficial do Senado federal, que instituiu o ano de 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis.

Museu da Língua Portuguesa

Em São Paulo, a principal homenagem ficará à disposição do público até 01 de março de 2009: a exposição “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério”, que está sendo realizada no Museu da Língua Portuguesa, e que até o início de novembro já recebeu mais de 180.000 visitantes.

Num formato multimídia, lá encontramos pérolas como alguns manuscritos de capítulos de seus livros, trechos narrados em áudio e vídeo, um mapa da cidade do Rio de Janeiro destacando os lugares freqüentados por Machado, uma carta de Joaquim Nabuco a José Veríssimo informando este último da morte do escritor; a nota de mil cruzados que circulou na segunda metade dos anos 80 com sua efígie e um painel gigante do seu cortejo fúnebre, que saiu da ABL carregado por figuras ilustres como Olavo Bilac, Rui Barbosa e Euclides da Cunha., entre outras relíquias.

Segundo o superintendente do Museu, Antonio Carlos Sartini, “O objetivo foi realizar uma Mostra leve, focada mais no lado crítico, irônico e bem humorado que o autor usa para refletir sobre o ser humano. Além da reflexão de intelectuais e das pesquisas acadêmicas, nós quisemos mostrar que sua obra também é extremamente acessível, divertida e está ao alcance de todos”.


ABL

Na Academia Brasileira de Letras, também chamada Casa de Machado de Assis, estão acontecendo desde o início do ano inúmeros eventos e celebrações que visam lembrar e fortalecer a importância da arte literária machadiana que nos foi deixada como valiosa herança.

Exposições sobre sua vida e obra, palestras, leituras, lançamentos, mostra de filmes adaptados de seus livros, enfim, diversas atividades organizadas para celebrar o talento do autor.

Talento esse, que com o passar do tempo, é cada vez mais reconhecido no exterior.

Machado Universal

No dia 12 de setembro do presente ano, o The New York Times, veiculou matéria de duas páginas sobre o escritor, noticiando uma homenagem que seria realizada na própria cidade de Nova York, batizada de: “Machado 21: A celebração de um centenário”, que ocorreu entre os dias 15 e 19 de setembro, que incluiria apresentação de poemas, discussões e seminários.

Homenagens e comemorações também aconteceram em Lisboa, Madri, Turim, Frankfurt e Barcelona, entre outras cidades do mundo.

Se Machado de Assis fosse escrever as suas memórias póstumas, talvez se surpreendesse com o fato de estar mais vivo e mais imortal do que nunca, cem anos depois de sua morte.

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