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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Caso Bruno ou um caso da sociedade humana?


http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/posts/2010/07/12/bruno-do-flamengo-camelos-lucram-com-tragedia-de-eliza-307429.asp 
A matéria acima, lida no portal G1, é de estremecer.
Camelôs estão lucrando coma tragédia de Eliza Salmudio, ao vender DVDs de seus 2 filmes pornográficos, que estampam em suas respectivas capas fotos dela e do ex-goleiro Bruno, então no Flamengo.
Eis aí uma situação a ser muito estudada por filósofos, psicólogos e pensadores em geral da condição humana.
No caso, que está sendo investigado pela polícia, há suspeitas de atitudes macabras e doentias, de todos os lados envolvidos.
O goleiro, que podia ser considerado um vencedor na vida, a despeito de seu abandono pelos pais e infância difícil, titularíssimo da equipe de maior torcida no país e candidato a uma vaga na seleção.
A vítima, que talvez já ganhasse tal alcunha através de sua base familiar, um tanto desestruturada por não conviver com a mãe e ter um pai acusado de estuprar uma menor (isso fora o que não veio a público), interessada em ser modelo, atriz ou qualquer coisa que garantisse seu sustento, talvez até mesmo participar de baladas movidas a álcool e drogas com os “bons partidos” que pensam ser os jogadores de futebol.
Delegados narrando a barbárie com nuances de interpretação teatral em suas entrevistas.
A sociedade como um todo, alimentada pela imprensa caçadora de ibope à custa de toda e qualquer indignidade humana, tem o seu Monstro da vez para que todos joguem suas pedras e se sintam melhores, e se sintam diferentes, e se sintam quase felizes, de sua situação de superioridade, quase como se fosse um mundo à parte desse mundo de degeneração.
E os camelôs, do início do texto?
Talvez não tenham condições de refletir sobre o que estão vendendo e estimulando, pois estão tentando sobreviver.
Alguns alimentarão suas filhas com o lucro dos tais DVDs.
Outros alimentarão suas cachaças.
E os compradores?
Atraídos pelo macabro, pra chegar num estágio de insensibilidade terão que pelejar muito ainda.
Alimentar-se-ão de imagens irremediavelmente manchadas por uma realidade muito mais crua do que nua.
Tão real que os farão esquecer, pelo tempo que durar as cenas, de sua própria realidade, talvez quase tão crua e nua de vazio, que precisam desta espécie de ópio.
Talvez a sociedade forme imperceptivelmente estas monstruosidades latentes em cada um.
Isso me parece mais real do que simplesmente, a título de uma tentativa de proteção de nossa consciência, acreditar que os Monstros são raras aberrações da natureza.

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