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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Trip Colaborativa - Carta para daqui há 10 anos - Carta para um Amor Impossível

Pensei em deixar para te escrever depois, porque queria começar esta carta de forma diferente do que um simples oi.
Se tivesse seguido esse pensamento, iria até o “São Google” e pesquisaria o modo de se cumprimentar em outras línguas, outras culturas, desde possíveis tribos indígenas isoladas (?) na Amazônia até comunidades undergrounds européias ou dialetos de grupos nômades dos desertos africanos ou até quem sabe, uma gíria do momento doa baladeiros neozelandeses.
 Percorreria o mundo para tentar entrar no seu...

Mas decidi escrever agora, já, sem nenhum recurso tecnológico ao alcance a me anexar dados tão instantâneos que chegam a me soarem falsos.
São dez horas da manhã.
Há dez anos atrás, que é quando efetivamente escrevo estas palavras, tivemos nosso último contato.
Você havia acabado de se separar e me chamou em uma janela do msn.
Dizia que estava péssima (claro, pra me chamar....).
Dúvidas, cicatrizes abertas e incertezas de rumo eram as suas companheiras naqueles dias.
Vou confessar: por trás de minha aparente amizade e tentativa de lhe confortar e motivar, eu estava muito feliz!
Sim, fui egoísta, my darling, deveras.
Afinal, o menino que a conheceu e se prostrou encantado, em meus tenros dez anos de idade, ainda vivia em mim.
E nesse menino, o sentimento, arrefecido ou escondido, igualmente persistia vivo.
Eu ainda te amava.

E naquele instante, enquanto você desabafava que seu ex-marido isso, que seu ex-marido aquilo ou aquilo outro, eu era sugado em minhas conexões neurais por uma espécie de êxtase, como uma tela interna de cinema sendo projetada pela imaginação desenfreada, criando as formas desse nosso encontro.
Claro, era nosso destino, traçado nas maternidades ou eternidades, eu e você, nascidos um para o outro.
Eu te consolaria, escutaria, e para ouvir melhor...te abraçaria (sim, te ouviria melhor assim, com nossas orelhas quase juntas).

Suas lágrimas cairiam, criando um mínimo riacho na superfície de tua face.

Num brevíssimo segundo, depois que eu a contemplasse, faria com meus lábios, de teu riacho, um lago, eu teu olhar, então, da profundeza desse lago, dentro do meu, de todos os meus eus; e eles, todos os eus, unidos no beijo, único, singular, divisor de águas em nossas vidas e , incoerente, semente de multiplicação de nossas carnes.

Como eu queria ler seus olhos lendo esta carta.
Está com raiva? Indiferença? Ou...está...gostando...?
Sei que tudo isso não deve fazer o menor sentido para você.
Muitas coisas mudaram.
O clima está mais quente, algumas geleiras realmente derreteram.
Seus pais ainda estão vivos?
Você teve filhos?
Tem alguma peça de roupa antiga guardada?
Muitas coisas mudaram.
As gírias, os programas da televisão, as músicas, a realidade, os sonhos...
Bem, caso você esteja separando novamente...meu sonho de ser teu sonho...foi um sonho bom viu?

PS.: “Tashi Delek” (cumprimento tibetano que significa Que tudo corra bem) e "Vertu sæll" (cumprimento islandês que significa Seja feliz).

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