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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O meio ambiente da comunicação

Evento organizado por alunos de Jornalismo e Publicidade debate conceitos de mídia e ecologia

Foi realizada, entre 20 e 24 de outubro, mais uma “Semana Radial de Comunicação – SERCOM”, com programações distintas no auditório da unidade Jabaquara e também na unidade Marajoara.

Tendo como tema central a questão da Sustentabilidade, os palestrantes da unidade Jabaquara puderam expor seus trabalhos e idéias, enriquecendo o conteúdo multidisciplinar dos estudantes.

Entre todas as palestras, destacamos a do economista Hugo Penteado, pela singularidade e profundidade.

Singularidade, porque até pouco tempo atrás, os discursos ecológicos eram vistos como “conversa de bicho grilo”, um drama exagerado que só ocorria na cabeça dos remanescentes hippies.

Ter um economista renomado, estrategista de investimentos do Abn Amro Bank, discutindo com conhecimento o assunto, validando informações antes desacreditadas, é um fato que só aponta para a seriedade da situação.

Outra palestra que variou sobre o tema verde, foi a de Mino de Oliveira, filósofo e ambientalista.

Mino cunhou o termo Homo Bossalis para designar o homem pseudo-moderno e sua cultura predatória, incapaz de satisfazê-lo e torná-lo feliz.

O filósofo afirma que “não é o meio ambiente que precisa de ajuda, e sim nós, que precisamos reciclar nossos hábitos, atitudes e valores, para poder conquistar uma real qualidade de vida”.

Para ele, é impossível separar os conceitos de economia e ecologia, razão pela qual prevê um aprofundamento da crise econômica nos próximos anos.

“Um dia o homem acreditou que a Terra era plana. Agora acredita que o crescimento (econômico) é eterno”.

Eterna também parece ser a sede pelo espetáculo da notícia, que grande parte da mídia imprime na cobertura de fatalidades do cotidiano.

O jornalista Mauro Tagliaferri abordou este tema citando os dois casos recentes de maior repercussão em toda a imprensa, os de Isabela Nardoni e Eloá Pimentel, para mostrar a tendência apelativa do enfoque jornalístico (?) que visa apenas os números de audiência.

Segundo Mauro, a cobertura, nestes dois casos, priorizou “não o embasamento, mas sim, o julgamento da situação”.

Aproveitando o tema central que permeou o evento como um todo, podemos especular se não seria o momento de, como pretendentes a jornalistas, providenciar também uma reciclagem de nossos pensamentos, ações, crenças e modos de ver a vida, para não nos tornarmos profissionais também insatisfeitos, infelizes e predadores, tencionados a reproduzir fofocas e novelas sinistras da vida real.

Nossa postura diante do planeta e do meio ambiente é a mesma diante da nossa profissão?

Ou seja, para crescer é preciso destruir?

Trabalho sobre o filme “Encontro com Milton Santos”

O termo globalização pode ser definido de muitas maneiras, de muitos ângulos.

Mas após uma observação mais atenta da realidade provocada pelas palavras e pensamentos do geógrafo Milton Santos, a impressão é que a humanidade globalizou apenas alguns aspectos contidos na gama completa de suas múltiplas culturas: a paixão e busca obsessiva pelo poder e a elevação do dinheiro a um status de “deus”, a quem muitos dedicam sua vida e para consegui-lo e/ou multiplicá-lo ad infinitum.

Para maquiar estas verdadeiras molas propulsoras do que chamamos de sociedade moderna, utilizamos álibis como o “progresso da civilização” e avanço tecnológico, que nos permite...o que é que nos permite mesmo, além de comprar e consumir e consumir e comprar?

Propagandeamos o desenvolvimento da capacidade humana, como a medicina por exemplo, que nos permite viver um tempo médio muito maior do que antigamente.

Nos meios de comunicação temos todos os dias números, dados, estatísticas que comprovam que a vida está cada vez mais bela: mais crescimento, mais distribuição, mais empregos, mais longevidade, enfim, tudo positivo, como que a nos fazer crer que estamos no caminho certo.

Como entender então, por outro lado, o aumento da pobreza, da violência, da desigualdade, da fome e outros calcanhares de Aquiles humanos?
Parece haver algo de errado, seja no poder dos Estados, das empresas, dos homens.

O filme de Milton Santos é uma semente destinada a brotar em consciência, para que possamos refletir sobre o mundo que criamos.

Uma semente que parece querer germinar em outras formas de globalização: as formas da solidariedade, e de sentimento de igualdade, apesar de todas as diferenças.

Do Lado de cá, a globalização pode começar dentro de cada um.

Praça revitalizada divide comunidade

A subprefeitura do Jabaquara terminou em 13 de setembro último, a
revitalização de mais uma praça na cidade.

Localizada na rua Antônio Madi, altura do número 100, entre a antiga
garagem de ônibus da CMTC e um hipermercado renomado, o local
havia se tornado verdadeiro terreno baldio, com mato alto, lixo
abundante e, mesmo assim, era usada pelos moradores de uma favela
tanto para brincadeiras das crianças quanto para uso de drogas pelos
adultos.

Num período de três semanas, uma equipe da subprefeitura limpou a
área, cimentou um espaço para servir de passagem, asfaltou um pequeno
trecho da entrada dessa comunidade, instalou dois bancos de assento,
gramou a terra antes estéril, transformando bastante o lugar.

As crianças foram as que mais gostaram da reforma, mas entre os
adultos, as opiniões ficaram divididas.

Maria da Conceição, 37 anos, afirma que “é sempre assim, em ano de
eleição, os políticos sempre inventam um meio de chamar a atenção”,
mas ela preferia que outros problemas tivessem prioridade, como a
melhoria da creche, onde sua filha, Cecília, de 5 anos, estuda.

Gilberto de Andrade, 42, achou que “ficou bonita a praça, é melhor
para as crianças assim, mas o que preciso mesmo é de trabalho”.

Gilberto está há oito meses desempregado.

Desculpa Esfarrapada

Amigos, devido a pelo menos 2 meses de atividades intensad da faculdade, dei uma parada nos posts.
A seguir, colocarei alguns textos que foram pequenos trabalhos para a UNiRadial.

E tanbém alguns textos que produzi e foram colocados no nosso projeto integrado do semestre, onde elaboramos um jornal voltado para alunos de educação física, o "Corpore".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Centenário da Morte de Machado de Assis

Cem anos atrás, no dia 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, aos 69 anos de idade, morria uma parte daquele que é considerado por muitos críticos e intelectuais, o maior escritor brasileiro da história.

Uma parte porque, de efêmero, a única coisa que podemos encontrar em Machado de Assis, é o seu mote humano, seu corpo.

Já o legado de suas obras, esse jamais fenecerá, bem pelo contrário, à medida que a marcha do tempo avança indelével sobre as gerações, ainda mais vivo, estudado e admirado se torna.

Os traços característicos da literatura de Machado, como a observação psicológica dos personagens, as contradições entre seus sentimentos e pensamentos, a complexidade da interação desses aspectos no comportamento do homem moderno de sua época, conquistam em nosso país e em várias partes do mundo cada vez mais reconhecimento.

Segundo João Elias Nery, professor e coordenador do curso de jornalismo da UniRadial, “A crítica e os apreciadores da alta literatura não se cansam de encontrar em Machado novas formas de diversão e de interpretação da realidade e da alma humana”.

As homenagens para lembrar o centenário da morte de Machado de Assis ganharam um caráter oficial do Senado federal, que instituiu o ano de 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis.

Museu da Língua Portuguesa

Em São Paulo, a principal homenagem ficará à disposição do público até 01 de março de 2009: a exposição “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério”, que está sendo realizada no Museu da Língua Portuguesa, e que até o início de novembro já recebeu mais de 180.000 visitantes.

Num formato multimídia, lá encontramos pérolas como alguns manuscritos de capítulos de seus livros, trechos narrados em áudio e vídeo, um mapa da cidade do Rio de Janeiro destacando os lugares freqüentados por Machado, uma carta de Joaquim Nabuco a José Veríssimo informando este último da morte do escritor; a nota de mil cruzados que circulou na segunda metade dos anos 80 com sua efígie e um painel gigante do seu cortejo fúnebre, que saiu da ABL carregado por figuras ilustres como Olavo Bilac, Rui Barbosa e Euclides da Cunha., entre outras relíquias.

Segundo o superintendente do Museu, Antonio Carlos Sartini, “O objetivo foi realizar uma Mostra leve, focada mais no lado crítico, irônico e bem humorado que o autor usa para refletir sobre o ser humano. Além da reflexão de intelectuais e das pesquisas acadêmicas, nós quisemos mostrar que sua obra também é extremamente acessível, divertida e está ao alcance de todos”.


ABL

Na Academia Brasileira de Letras, também chamada Casa de Machado de Assis, estão acontecendo desde o início do ano inúmeros eventos e celebrações que visam lembrar e fortalecer a importância da arte literária machadiana que nos foi deixada como valiosa herança.

Exposições sobre sua vida e obra, palestras, leituras, lançamentos, mostra de filmes adaptados de seus livros, enfim, diversas atividades organizadas para celebrar o talento do autor.

Talento esse, que com o passar do tempo, é cada vez mais reconhecido no exterior.

Machado Universal

No dia 12 de setembro do presente ano, o The New York Times, veiculou matéria de duas páginas sobre o escritor, noticiando uma homenagem que seria realizada na própria cidade de Nova York, batizada de: “Machado 21: A celebração de um centenário”, que ocorreu entre os dias 15 e 19 de setembro, que incluiria apresentação de poemas, discussões e seminários.

Homenagens e comemorações também aconteceram em Lisboa, Madri, Turim, Frankfurt e Barcelona, entre outras cidades do mundo.

Se Machado de Assis fosse escrever as suas memórias póstumas, talvez se surpreendesse com o fato de estar mais vivo e mais imortal do que nunca, cem anos depois de sua morte.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Crônicas de Pedro Bial

Pedro Bial rodou o mundo como correspondente internacional da TV Globo, de 1988 a 1996, quando lançou um livro com algumas de crônicas feitas neste período e publicadas no Jornal da Tarde.

Seu conteúdo mescla costumes e peculiaridades de cada região visitada, de cada situação relatada, com recordações da infância, impressões sobre a vida, singelos retratos de sua família – uma carta às filhas quando da volta ao Brasil extremamente sensível, além de histórias de seus pais refugiados da Alemanha durante a segunda guerra -, detalhes preciosos que ficaram nos bastidores de suas reportagens partilhados com uma sensibilidade generosa, como que denunciando um menino surpreendido pelas nuances da vida, por trás das crônicas poéticas de inteligência madura.

Pérola (sobre possíveis erros ao apresentar programas ao vivo): “...da intromissão da autenticidade num cenário de plástico”.

Em suas andanças, cobriu a primeira Guerra do Golfo, deflagrada pelo primeiro Bush em retaliação a invasão do Kwait por Saddan Hussein e, pouco antes, a histórica derrocada do Muro de Berlim.

O livro tem o jeito de uma palestra-aula, com simpatia e riqueza, daquelas que deixam os alunos com cara de “ah, essa aula valeu a pena!”.

Essa, acrescentou.

Aulas assim informam e formam.

Aulas de jornalismo, de história, de vida, ocultadas como se fossem contações de histórias corriqueiras.

Não é assim que os antigos ensinavam?

È uma aula num clima de conversas ao redor da fogueira, degustando um bom vinho.

Ensina-nos que viajar é um grande modo de diminuir preconceitos e aumentar a compreensão das diferenças.


Pérola (sobre o conflito entre árabes e judeus): “...fanático não é aquele que acredita no que vê. Pelo contrário. Ele só vê o que acredita”.

E sobre a vida de repórter: “...têm noites de médicos e dias de coveiros...”.

Entre o bom e o ruim, de sua última crônica, dou minha contribuição:

Bom, é ler um livro assim.

Ruim, é que tem fim.


“Crônicas de repórter, Pedro Bial, Editora Objetiva, 1996.”

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Da manipulação das Notícias – Versões e Inversões

“O problema não é o que acontece. Mas o que nós fazemos com o que acontece.”

Esta frase, encontrada em muitos doa chamados manuais de auto-ajuda, com o objetivo de oferecer ao leitor em questão a possibilidade de sair do vitimismo e reagir de modo construtivo a algum infortúnio, caberia perfeitamente em um manual do jornalista, uma vez que boa parte destes profissionais se deparam, em algum momento, com variadas possibilidades de enfoque das notícias, em seus igualmente variados meios de comunicação.

Comumente, se fizermos um exercício de ler um mesmo fato retratado em jornais diferentes, por exemplo, será bem fácil nos surpreendermos com os ângulos profundamente contraditórios em que são relatados.

Ao sintonizarmos um determinado canal, podemos receber um perfil positivo de uma situação específica, perfil este que sofrerá completa alteração, em seu oposto, se resolvermos sintonizar um outro canal, que tenha uma linha editorial voltada para outra direção.

Como isso é possível?
Como um mesmo fato, ocorrido de uma única maneira, pode gerar interpretações tão díspares?

Se procurarmos um lado positivo desse problema, talvez consigamos encontrar o argumento de que seja salutar tal multiplicidade de visões de um mesmo tema, e que esse seria, enfim, um dos papéis fundamentais da imprensa: tornar público pensamentos e versões heterogêneas dos acontecimentos, deixando ao receptor-leitor-espectador-ouvinte a tarefa de analisar e escolher a versão que lhe é mais apropriada.

Infelizmente, porém, há outros fatores para levarmos em consideração, e eles expulsarão nossa inocência desse idílico paraíso.

Em primeiro lugar, o nível educacional de nosso país é, no mínimo, precário, o que por si só invalida a muitas pessoas de exercer esse poder de decidir a linha ideológica a ser escolhida.

Mesmo os mais privilegiados, por estudarem de forma autômata e com atenção fragmentada, muitas vezes apenas absorvem conhecimentos “comprados nas prateleiras”, sem a devida passada de vista, pelo menos, na data de validade.

Em segundo lugar, temos as sombras (não exclusiva dos jornalistas, é claro) da personalidade do ser humano, que o leva a ser conduzido pela vaidade, arrogância e ambição, todas exacerbadas e que se tornam elementos que contribuem para que seu ponto de vista se atenha a características peculiares, e às vezes disformes, de uma notícia.

Em terceiro lugar – e nessa classificação não pela força que tem, mas pela dificuldade em ser percebida -, as manipulações dos fatos são motivadas por interesses comerciais e financeiros dos grupos detentores dos veículos de comunicação.

Estes, não entregam o “produto-notícia” de uma maneira xis por bondade, acaso ou missão de informar.

O produzem, embalam e entregam sim, pelo lucro. E para fermentá-lo é necessário criar, manter e expandir uma cultura de consumo cada vez mais instantânea e automática, estilhaçando nossa capacidade de refletir sobre seus produtos, tornando-nos alvos sempre mais aptos a, simplesmente, aceitar as suas versões da realidade.

O problema, realmente, não é o que acontece.

Mas, afinal, quem sabe o que acontece?