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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Crônicas de Pedro Bial

Pedro Bial rodou o mundo como correspondente internacional da TV Globo, de 1988 a 1996, quando lançou um livro com algumas de crônicas feitas neste período e publicadas no Jornal da Tarde.

Seu conteúdo mescla costumes e peculiaridades de cada região visitada, de cada situação relatada, com recordações da infância, impressões sobre a vida, singelos retratos de sua família – uma carta às filhas quando da volta ao Brasil extremamente sensível, além de histórias de seus pais refugiados da Alemanha durante a segunda guerra -, detalhes preciosos que ficaram nos bastidores de suas reportagens partilhados com uma sensibilidade generosa, como que denunciando um menino surpreendido pelas nuances da vida, por trás das crônicas poéticas de inteligência madura.

Pérola (sobre possíveis erros ao apresentar programas ao vivo): “...da intromissão da autenticidade num cenário de plástico”.

Em suas andanças, cobriu a primeira Guerra do Golfo, deflagrada pelo primeiro Bush em retaliação a invasão do Kwait por Saddan Hussein e, pouco antes, a histórica derrocada do Muro de Berlim.

O livro tem o jeito de uma palestra-aula, com simpatia e riqueza, daquelas que deixam os alunos com cara de “ah, essa aula valeu a pena!”.

Essa, acrescentou.

Aulas assim informam e formam.

Aulas de jornalismo, de história, de vida, ocultadas como se fossem contações de histórias corriqueiras.

Não é assim que os antigos ensinavam?

È uma aula num clima de conversas ao redor da fogueira, degustando um bom vinho.

Ensina-nos que viajar é um grande modo de diminuir preconceitos e aumentar a compreensão das diferenças.


Pérola (sobre o conflito entre árabes e judeus): “...fanático não é aquele que acredita no que vê. Pelo contrário. Ele só vê o que acredita”.

E sobre a vida de repórter: “...têm noites de médicos e dias de coveiros...”.

Entre o bom e o ruim, de sua última crônica, dou minha contribuição:

Bom, é ler um livro assim.

Ruim, é que tem fim.


“Crônicas de repórter, Pedro Bial, Editora Objetiva, 1996.”

Um comentário:

Me disse...

Vc tem uma cara muito hilaria, com estas micaretas. Lembra o Tom Zé. Abs!