Um laboratório para transformar carvão em diamante, lapidar a pedra bruta e "jornalistar" o mundo e a Vida. Opinar, compartilhar, relacionar e aprender. Samsara é um termo em sânscrito que pode ser definido como o mundo da impermanência, das mudanças ininterruptas, a roda de nascimentos e mortes dos ciclos reencarnatórios. Aconteceu em "Samsara", é notícia!
terça-feira, 20 de março de 2012
Cena "O Carteiro e o Poeta"
Carteiro: Dom Pablo, estou apaixonado!!
Pablo: Não é grave, há um remédio.
Carteiro: não quero, quero estar doente!!
Pablo: Não é grave, há um remédio.
Carteiro: não quero, quero estar doente!!
Acometado (Mawaca)
Vê-se um monte de cabeça que não pára de girar
O corpo segue pra esquerda e pra direita
Bola de tênis-de-mesa: o jogo não pode parar
Quem tá de fora e espia o movimento
Tem certeza no momento: o movimento é pendular
A cabeça pende para um lado e para o outro
Fio de prumo é o corpo quando pode se aprumar
Planeta terra brincando de pega-pega
cometas, de cabra-cega
onde é que isso vai dar?
que vida é essa na ciranda do planeta?
a gente vira pirueta
tudo fora do lugar
Quem tá de longe, acima dos horizontes.
Passageiro de um bonde no espaço sideral
Terá por certo que o tal do bicho-homem
Marionete de arame seu cordão umbilical
Se revogassem essa lei da gravidade
Com o tempo, com a idade, a gente
aprendia a voar:
Nada caía, nem ficava balangando...
De vera que o ser humano ia se eternizar"
Frase
"Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos."
Guimarães Rosa
Guimarães Rosa
Exercício para fazer o amor brotar - por Monja Coen
Pense em alguém que você goste muito.
Do passado, do presente ou do futuro.
Pode ser um bichinho, um brinquedo, uma pessoa, uma criança, uma situação agradável.
Pense e sinta.
Sinta esse amor, agora, aqui, em você.
Conecte-se com o amor que habita você...
Comece a incluir nessa amorosidade todas as pessoas que estão próximas a você.
Vá expandindo sua capacidade de amar.
Inclua todas as pessoas que você conhece.
Agora inclua as que você não conhece.
Inclua próximas e distantes.
Inclua pessoas que você jamais viu.
Os povos africanos, asiáticos, australianos.
Os povos e tribos de toda a Terra.
Inclua em seu amor todo o planeta, com árvores e insetos. Flores e pássaros. Mares, rios, oceanos.
Inclua a vegetação da Amazonia e da Pantagonia.
Inclua o Mar Morto e o Deserto do Saara.
Inclua todas as religiões.
Como se não houvesse dentro nem fora.
Imagine, como John Lennon, que o mundo é um só.
O mundo é uno. O mundo, o universo, o pluriverso é um só.
Nós somos unas e unos com o uno.
Perceba.
Isto que digo é a verdade.
E só há esse caminho.
Somos a vida da Terra.
Somos a vida do Universo.
Somos a vida do Multiverso.
E quando nossos pequeninos corações humanos se tornam capazes a ir além deste saquinho de pele que chamamos o eu, nos contatamos com a essência da vida. Que é a anossa própria essência e de tudo que é, assim como é.
Caminhemos.Tornamo-nos o caminho a cada passo.
Que cada passo seja um passo de paz.
Que nossa mente se abra...
Abertura para o infinito.
Abertura para a imensidão.
Abertura para a ternura.
Abertura para a sabedoria.
Abertura para a compaixão.
Que todos os seres em todas as esferas e todos os tempos se beneficiem com esse amor imenso que aqui e agora juntas, juntos, nos tornamos. E ao nos tornarmos o amor tudo se torna vida e vida em abundância.
Ame e manifeste esse amor agora!
Mãos em prece
Monja Coen
A moeda da solidariedade (por Leonidas Ntilsizian, da IPS)
Ierapetra, Grécia, 16/3/2012 – “Cuidado. A soda cáustica é perigosa”, grita Rea Pigiaki enquanto mistura o líquido com lavanda para preparar seus sabonetes aromáticos, que são muito famosos nesta pequena localidade do sudeste de Creta. Pigiaki, mãe de três filhos, oferece seus produtos artesanais a integrantes da Rede de Moeda Alternativa de Ierapetra. Ela cobra 1,5 kaereti (a moeda local, digital e também chamada “social” de Ierapetra) por barra de sabonete, e normalmente recebe mel e laranjas em troca de seus produtos. “Em nossos caixas já não há euros. O kaereti parece ser uma resposta ao que está ocorrendo na economia grega”, disse à IPS.
Todos os intercâmbios da rede são registrados em um computador central, onde os membros publicam o que podem oferecer, cobrindo uma ampla variedade de produtos e serviços. Os integrantes anotam os que precisam. Quando dois membros decidem fazer a troca, cada um completa a conta do outro com a quantia acordada em kaereti. O ponto-chave é que não circulam nem euros e nenhuma outra moeda oficial, e que todos os intercâmbios são feitos exclusivamente em kaereti. A palavra “kaereti” pertence ao dialeto local e significa “oferece uma pequena ajuda a alguém que necessita, sem esperar um benefício”.
Pescado fresco, vinho, o famoso licor raki de Creta, café árabe, produtos agrícolas locais, móveis de madeira, artesanato, sabonete biológico, óleos essenciais, chocolate caseiro, joias… Tudo que se imagina é oferecido e trocado rapidamente por meio da rede digital. A rede de produtos tangíveis foi completada com um grande número de serviços e uma força de trabalho bem equipada e pronta para oferecer suas habilidades na hora: eletricistas, encanadores, pedreiros, pintores, jardineiros, artistas gráficos, advogados, contadores, professores de idiomas, dança e música. A lista é interminável.
O mais incomum parece ser alguém que “oferece seus estudos em arquitetura marinha”, contou Alexis Machairas, um dos criadores da rede, que é plenamente autossuficiente e profissional. “A moeda local foi criada em agosto de 2011, e até agora tem participação de mais de 300 membros da sociedade legal”, explicou. “Especialmente nas últimas semanas – quando a economia da Grécia mostrou uma grande queda – a quantidade de membros e transações aumentou rapidamente. No último mês, os membros da rede aumentaram em um terço, e se registra pelo menos uma transação por dia”, acrescentou.
Sem dúvida, a transparência no sistema monetário local é uma grande vantagem. Todos os membros têm acesso à planilha principal, que mostra a hora da transação, os preços e a quantidade de trocas realizadas a cada momento. Um kaereti equivale a um euro, mas os euros não são permitidos dentro da rede. “As moedas alternativas estão dirigidas principalmente aos pobres”, explicou o professor e economia política George Stathakis, da Universidade de Creta.
“Todas as redes alternativas são uma base muito séria para superar os obstáculos que as camadas mais pobres da sociedade enfrentam”, afirmou Stathakis. Assim, ressurgem velhas atividades que ganham um novo valor, gerando emprego simultâneo. “Todos os intercâmbios se baseiam na confiança, transparência e simplicidade. Atualmente, na Grécia funcionam 26 redes diferentes de trocas, embora a do kaereti seja a mais ambiciosa”, destacou. “Até o final do ano, haverá cerca de cem dessas redes na Grécia. Os 300 a mil integrantes de uma rede têm uma boa perspectiva sobre como ter êxito na sociedade local, e, sem dúvidas, receberão grandes benefícios”, acrescentou.
Embora a chamada “moeda social” dê esperanças aos pobres, não soluciona os problemas macroeconômicos da Grécia, já que carece de uma base institucional ou estatal. A qualquer momento, as redes podem ficar à mercê de um centro de arrecadação de impostos, por isso precisa de uma regulamentação legal com urgência, alertou Stathakis. “O kaereti não é um substituto do euro. Funciona em paralelo à economia comum”, esclareceu. Além disso, este tipo de economia tem profundas raízes na região. Até 1960, o sistema de troca ainda regulava o setor agrícola de Creta. “Minha mãe recorda que, até 1959, quando minha família alugava uma casa em Chania, o aluguel era pago em azeite”, recordou o professor.
A economia de escambo permite que os participantes se beneficiem mutuamente. Por exemplo, Kostas, membro da rede kaereti, organiza excursões em seu barco durante o verão, e no inverno cultiva em suas terras, o que lhe permite oferecer azeite e azeitonas na rede. Por outro lado, Dimitris, outro integrante, fornece a Kostas serviços de seguro de automóvel em troca de óleo de oliva. “Ambos ganharemos”, disseram. “Em condições normais, o comerciante cobra 1,80 euro por um litro de azeite de oliva, e o cliente no supermercado normalmente compra a mesma quantidade por cinco euros. Ambos fizemos um acordo por 2,5 kaereti o litro, e entre nós não há intermediário”, explicou Dimitris.
O intercâmbio fica imediatamente registrado na rede, Kostas somará mais kaereti à sua conta e, após alguns meses vendendo seu azeite, pedirá a Dimitris que faça um seguro anual para seu carro. Atualmente, em Ierapetra, “os membros da rede pagam as contas dos idosos, oferecem traslados a outros habitantes do lugar e inclusive cuidam de seus filhos”, conta Ioanna, uma funcionária social da rede. “Os vínculos entre os integrantes se fortalecem a cada dia. Eles tomam conta das necessidades reais dos demais. Além disso, cada um pode mostrar as habilidades que possui. Há integrantes que podem consertar cadeiras de madeira e agora se sentem úteis e produtivos”, ressaltou.
A falta do euro abre a porta para a solidariedade entre os integrantes da comunidade do kaereti, o que representa uma efetiva via de saída de uma crise econômica nascida da especulação financeira. Os membros da rede kaereti citam com frequência o prêmio Nobel de Literatura, Giorgos Seferis, que afirmou que, em um mundo cada vez menor, cada um necessita de todos os demais. Envolverde/IPS
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