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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um conto Luso-Brasileiro

Como torcedor da Lusa, uma das coisas que pensei assim que soube que estava grávido de um menino, foi em levá-lo comigo aos jogos no Canindé, repetindo o melhor passeio que meu falecido pai me proporcionara na minha infância.

Meu velho me uniformizara inteiro e me colocava para entrar em campo, como mascote, junto com os jogadores, sensação de prazer indescritível (mesmo para um estudante de jornalismo, com o trabalho de descrever as coisas...).

Quando o filhote - e os desafios da paternidade – foram crescendo proporcionalmente, comecei a refletir sobre o real valor dessa “herança” que já ia colocar em seu caminho, sem que ele tivesse a possibilidade de aquiescer conscientemente essa escolha externa ou de negá-la, preservando uma das características mais inatas dos filhos em geral: a rebeldia.

Precisei então, fazer uma contemplação do que era exatamente, ser um torcedor da Lusa, para poder eu, sim, conscientemente, tentar fazer essa escolha por ele.

Me dei conta que eu, totalmente conformado e ciente do folclore que se tornou ter essa identidade de torcedor lusitano, torcerei por esse time até findar meus dias. Mas também percebi que não gostaria de instalar um cabedal de tanto sofrimento no meu amado.

Diante de algumas circunstâncias específicas, como o fato da irmã e namorado da mãe serem corintianos (única liberdade que não quero lhe conceder...) comecei a fazer um lobby para ele se tornar são-paulino, me baseando em seu gosto pela figura do Rogério Ceni e no fato deste ser o time da mãe, além do repertório vencedor deste clube.

Tudo vai bem nesta empreitada, mas tivemos um capítulo especial quando do primeiro jogo do campeonato paulista, quando se enfrentaram lusa e tricolor.

Como ele pediu muito, o levei ao Morumbi, e óbvio que ele quis ficar na torcida do São Paulo, uma vitória para meu lobby, mas uma sensação estranhíssima de estar o jogo inteiro num lugar que não é meu.

Quando o Fábio defendeu o pênalti cobrado pelo Rogério, quase pulei, em perfeito eco e ressonância com meu verdadeiro “povo”, que exultava de alegria no outro lado das arquibancadas.

Ao final do primeiro tempo, fora a sensação de estranheza, tudo “ia bem”, o São Paulo ganhando, meu filho feliz, eu feliz de estar proporcionando uma vontade dele, e uma derrota para meu time que era previsível e perfeitamente contornável para o decorrer da competição.

No entanto, no segundo tempo, outras estranhezas esperavam a vez de me sobressaltar.

Eis que a Lusa começa pressionando, um, dois, três escanteios a seu favor e de repente, empate!

Meus amigos “sofredores”, mas, incorruptivelmente fiéis, geograficamente (mas não internamente) separados de mim pela vontade paterna de fazer o melhor, pulando, comemorando e eu fazendo o mesmo (tb internamente...).

Um empate deixaria tudo em harmonia.
Eu e meu filhão, felizes.

Mas era dia da surpresa.

A lusa continua jogando bem, encarando de igual para igual um adversário tecnicamente superior, atacando mais, e fruto disso, vira o jogo, 2x1 !!!

Estranheza...pelo placar...pela briga íntima de querer gritar gol e estar completamente impossibilitado disso - instinto versus sobrevivência -, e o elemento novo de perceber uma certa frustração com o resultado em meu rebento ao lado.

Se fosse um dia normal, o São Paulo pelo menos empataria a partida e tudo então voltaria...ao normal...eu meu filho felizes e coisa e tal.

Mas era um raro dia de combinação entre competência do time e sorte, e o Dagoberto arrumou uma expulsão que foi vital para o triunfo rubro-verde.

Neste momento eu já não sabia se torcia (mas torcia...) pra Lusa segurar a vitória, ou se torcia pro São Paulo empatar, pro meu filho voltar a sorrir.

Quando o Hevérton, em dia de gala, fez 3x1, não só decretou a vitória heróica da Lusa, como também meu passaporte para meu Céu e Inferno interior.

A minha torcida, pulava, mas PULAVA, assim mesmo, em letras maiúsculas.
E meu filho murcho, murcho, triste mesmo pela derrota do seu time.

Talvez ele goste um pouco mais da Lusa, por vê-la jogar bem
Talvez goste menos ainda, por ter imposto uma derrota ao seu time.

Talvez eu esteja fazendo o certo, talvez o errado, talvez, talvez; no meio dessa gangorra emocional entre heranças e responsabilidades paternas, só uma certeza, no título de uma música cantada por...Roberto Leal:

“Que bela a Vida”!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Nicotina

Acabo de ver uma entrevista com o governador José Serra no Programa do Jô.

O assunto principal versou sobre a lei que impedirá o ato de fumar em estabelecimentos comerciais, que entrará em vigor a partir da próxima sexta (07/08).

Foi mostrado um vídeo com depoimento do Doutor Dráuzio Varela, onde este afirma que a nicotina vicia mais que maconha, cocaína e pasmem, até mesmo o crack.

É impossível não pensar que se essa informação tiver como ser comprovada, não seria o caso de proibir a fabricação de cigarros?

Como bem disse o Jô, é uma hipocrisia uma empresa poder fabricar um veneno, poder comercializá-lo, mesmo que não possa oficialmente propagandeá-lo.

Não são criminosos aqueles que produzem as drogas convencionais?

E quem produz e comercializa a nicotina, viciando e deteriorando a qualidade de vida de milhares de pessoas, inclusive vitimando fatalmente outras tantas, está imune à sua responsabilidade?

Será que estamos tão viciados assim em fazer de conta que alguns problemas não existem?

Quantas vidas, quantas mortes, quanto dinheiro esse lobby poderoso é capaz de comprar?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sou Contra

* Piadas tendo como alvo Rubens Barrichelo, decorrente do Acidente (com A maiúsculo mesmo) com Felipe Massa,que poderia ter sido até fatal.

A maldade tendo como disfarce o humor não cabe em casos como esse.

Imagina se acontecesse com você, uma peça soltar do seu carro e quase vitimar um amigo?
Por mais que Rubens não tenha absolutamente responsabilidade nenhuma, deve ser uma sensação horrível passar por isso.

* A mentira de sites impróprios "protegerem" a entrada de menores de idade, apenas com a mensagem: Se você é menor de idade, sair...

Temos muito medo de censura por tudo que se passou em nosso país, mas acredito que este assunto deveria ser olhado com mais profundidade e atenção.

Atitudes - ou a falta delas - como essa incitam e promovem todo tipo de perversidade e são escadas para crimes como os de pedofilia.

Troféu Inútil

Como vovó já dizia, ops, como Roger Moreira, do Ultraje a Rigor já dizia, "a gente somos inútil"....

Inventaram uma poltrona, que integrada a um Home Theater, sacode e treme aos ritmos dos filmes que são assistidos (Folha SP, 29/07/09).

Os criadores visam "intensificar a imersão do espectador".

É ou não é um forte concorrente para a inutilidade do século, ou pelo menos um indício de como somos experts em desperdício de tempo e de como deixamos certas futilidades ganharem maior importância do que procurar, por exemplo, meios de fazer com que nenhum ser humano no planeta morra de fome?

Assim caminhamos, nós, a humanidade, maximizando a distração e erguendo labirintos de marshmallow, plumas e paetês em torno do nosso umbigo, desprezando o estômago de outros iguais (?).

Rapidinhas

* Se a gripe A é tão inofensiva quanto os porta vozes oficiais do Ministério da Saúde tanto apregoam, porque essa orientação para adiar o reinício das aulas, para evitar possível disseminação do vírus?

* As denúncias contra o senador José Sarney devem ser maiores do que as que envolveram o ex-presidente Fernando Collor nos anos 90. Que os políticos cúmplices trabalhem para que tudo acabe em pizza, tudo normal, mas o que me incomoda é ver somente "protestos" bem-humorados (e nada contra o mau humor...) e/ou virtuais.

Cadê os estudantes, a UNE, os cara-pintadas????

* O Messenger (msn) completou esta semana 10 anos de vida. Li na Folha, que, segundo a Microsoft, o total de usuários no mundo é de 330 milhões de pessoas.

Não dá 10% da população mundial.
Somos muito ou muito poucos?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ego

Faz tanto tempo que não escrevo e tanto branco tenho quanto tento.

Ontem tive um insight.

Travei porque quero escrever só textos ótimos excelentes, incríveis, hiper inteligentes, mega super plus sensacionais e etc, etc e vai aí muito etc.

O Insight:

Ego.

Quero ser muito bom e aí não sou nada.

Ufa...descoberta a armadilha, vamos em frente, empunhando a mente com o lema dos Lobinhos: "O Melhor Possível".

Fazer o melhor possível, mesmo que o melhor....ainda possa melhorar!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Gripe

outra vez outra gripe.
e o dia é um dia fora dos dias
e pela torpeza do corpo, é um dia fora do tempo
embora o tempo esteja bom
(e sempre não o é...?)

uma ordem na agenda
no quarto, na louça
uma saída bem resolvida e rápida pra ludibriar o mal estar
e nisso quase ludibrio as coisas em que preciso pensar

Ainda falta o silêncio
Ainda fujo...
Ainda falta o amor
Ainda falta Eu

mas a Renovação está acontecendo...
calma
calma...
.................
preciso respirar
orar
caminhar
perdoar
acalmar
e amanhã outro belo dia de Trabalho sagrado, obrigado!